Fiscal passou do ponto de tolerância, diz vice-presidente do Travelex Bank

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São Paulo – Se de uns dias para cá houve uma melhora da percepção fiscal, tal cenário não comove o vice-presidente executivo do Travelex Bank, João Manuel Freitas. O executivo acredita que o dólar terminará 2024 na faixa entre R$ 5,00 e R$ 5,50 embora entenda que o valor justo seja “de R$ 5,00 ou até um pouquinho menos”.

Preocupado com o cenário fiscal doméstico, Freitas entende que mais do que prometer cortes de gastos e o comprometimento com o teto, o governo precisa colocar tal plano em ação: “O grande impasse que a gente vive, desde quando teve a eleição do atual governo, é que nós precisamos de uma definição sobre o que vai acontecer com a responsabilidade fiscal. Isso já passou do ponto de tolerância e tem pressionado a taxa cambial”, alertou.

O cenário internacional, em especial os juros nos Estados Unidos, também impacta o valor da taxa cambial, já que afeta o fluxo de moeda estrangeira para o Brasil: “Eu espero que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) corte ao menos duas vezes os juros neste semestre. Não faz sentido sustentar as taxas neste nível”.

O executivo também não deixou de falar do impacto da Selic (taxa básica de juros) no câmbio, considerando o valor muito alto, embora entenda que este seja o único remédio no momento.

Outro ponto levantado por Freitas foi a indústria: “É difícil conseguir investimento para a indústria de transformação. A indústria brasileira está perdendo fôlego. Estamos perdendo indústrias de bens de capitais, metalúrgicas e aí por diante”, opinou.

Esta desindustrialização, disse o vice-presidente do Travelex, pode ser vista com a saída de montadoras do país e a chegada dos carros elétricos chineses: “Isso também impacta a formação de preço do dólar”, observa.