Fitch afirma nota de crédito global da Petrobras em BB; perspectiva é estável

1054

São Paulo – A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou hoje a nota de crédito de longo prazo em moedas estrangeiras e local da Petrobras em ‘BB-‘. A perspectiva dos ratings é estável. A agência cita que a dominante participação de mercado da empresa no fornecimento de combustíveis líquidos no Brasil, juntamente a sua forte presença na produção de hidrocarbonetos no país, a expõe a interferência do governo em suas políticas de preços e estratégias de investimento.

Os ratings e as perspectivas dos ratings corporativos da Petrobras estão vinculados aos do soberano do Brasil (‘BB-‘/Estável), devido à importância estratégica da empresa para o país e à forte propriedade e controle do governo sobre a companhia, disse a Fitch, em nota.

A agência espera que a interferência política na Petrobras aumente durante o governo do presidente Lula. Mudanças no âmbito executivo, bem como no Conselho de Administração, devem impactar o plano estratégico e a política de preços da empresa ao longo do horizonte de rating.

“Atualmente, a Petrobras é significativamente mais forte do que na administração anterior do presidente Lula, mas o fluxo de caixa no horizonte de rating, aplicando a projeção de preços da Fitch, não absorve um aumento relevante em seu plano estratégico de investimentos, de USD78 bilhões em cinco anos, sem assumir um endividamento adicional ou uma alteração relevante em sua política de dividendos, que deve ficar, em média, em 60% do CFFO menos investimentos a cada ano”, comentou a agência.

Os ratings da Petrobras são vinculados aos ratings soberanos do Brasil, devido à influência que o governo federal pode ter sobre suas estratégias e investimentos, apesar das significativas melhoras da estrutura de capital e dos esforços para se proteger de interferências. Por lei, a União deve deter pelo menos a maioria das ações com direito a voto da Petrobras. Atualmente controla, direta e indiretamente, 50,3% das ações ordinárias e tem 36,8% do capital total.

O perfil de crédito individual da Petrobras, ‘bbb’, reflete a escala operacional da empresa, suas reservas provadas e seu perfil de alavancagem, todos comparáveis a petrolíferas internacionais com grau de investimento.

A Fitch prevê que a produção da Petrobras atingirá 2,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) até 2025, ante 2,7 milhões de boe/d em 2022, e manterá uma vida útil de reservas 1P de aproximadamente dez anos.

Em 2022, a alavancagem bruta, medida por dívida bruta/EBITDA, estava estimada em 0,5 vez, assumindo USD31,0 bilhões em dívidas, em comparação com 0,8 vez em 2021, com USD35,7 bilhões em dívidas. Ao aplicar sua expectativa de preços, a Fitch acredita que a alavancagem da empresa será, em média, de 1,1 vez até 2025.

A Fitch prevê que a Petrobras continuará reportando fluxo de caixa livre (FCF) positivo no horizonte do rating, ao mesmo tempo em que investe o suficiente para reabastecer suas reservas, o que daria suporte adicional a seu perfil de crédito individual. A Petrobras é a produtora de menor custo da região.

Em 2021, a Fitch estimou que seu custo de meio de ciclo foi de USD17,3/bbl e seu custo de produção do ciclo completo foi de USD32,6/bbl. Seu baixo custo de produção se traduziu em forte geração de caixa em 2022, e a agência estima que a empresa gerará USD66,5 bilhões em EBITDA e USD46,7 bilhões em FFO. O fluxo de caixa cobre confortavelmente seus investimentos, conforme estabelecido em seu atual plano estratégico, elaborado antes da posse do presidente Lula.

Ao longo do horizonte de rating, as margens de EBITDA devem diminuir, de uma alta de 57,3% em 2022, para 30% normalizados, à medida que os preços diminuem. As margens de FFO devem acompanha-las, chegando a 41% em 2022, retornando a 23,5% em 2025.