São Paulo – A agência de classificação de risco Fitch Ratings avalia que a perspectiva do setor de varejo no Brasil em 2023 é de deterioração devido ao baixo crescimento econômico esperado para o próximo ano, combinado à manutenção de altos patamares de juros, elevado endividamento das famílias e incertezas quanto à sustentabilidade dos baixos índices de inflação registrados nos últimos meses, que deverão limitar a demanda do setor e pressionar a geração de caixa das empresas.
Setores discricionários, de maior tíquete e dependentes de crédito, como é o caso de eletroeletrônicos, bens de consumo duráveis e vestuário, são os mais vulneráveis à severa restrição de renda, afirma Renato Donatti, diretor da Fitch, em relatório publicado hoje.
As políticas macroeconômicas do novo governo, especialmente no que se refere à melhora sustentável da economia e à recuperação do poder de compra da população, devem ser observadas, pois indicarão o direcionamento do setor no próximo ano.
Varejistas que operam serviços de financiamento ao consumidor continuarão registrando piora nas taxas de inadimplência, o que reduziria sua flexibilidade para aumentar a oferta de crédito e fomentar as vendas no próximo ano. Diante deste cenário, Donatti aponta que a capacidade das varejistas de ajustar investimentos e gerenciar custos e despesas será chave para a preservação dos perfis de crédito dessas empresas.
Em 19 de dezembro de 2022, 80% do portfólio da Fitch tinha perspectiva estável ou positiva. Apenas 20%, ou três empresas, apresentavam perspectiva negativa.