São Paulo – A economia global deve encolher 4,4% este ano, uma contração menos severa do que a prevista em junho, de 5,2%, na medida em que os países avançados, em especial, retomaram suas atividades depois dos bloqueios devido à pandemia do novo coronavírus, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A recuperação, porém, será mais longa do que o previsto anteriormente, com a propagação contínua da covid-19 e a desaceleração de reaberturas de economias. Para 2021, o Fundo prevê crescimento de 5,2%, ante expansão de 5,4% projetada no relatório anterior. Em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial cresceu 2,8%.
“A economia global está saindo das profundidades para as quais havia despencado durante o grande bloqueio de abril”, diz o FMI. Por outro lado, “enquanto a economia global está voltando, a ascensão provavelmente será longa, irregular e incerta”, diz o relatório.
“Com a pandemia de covid-19 continuando a se espalhar, muitos países desaceleraram a reabertura e alguns estão restabelecendo bloqueios para proteger populações suscetíveis”.
Segundo o FMI, os resultados do PIB no segundo trimestre deste ano foram melhores do que o previsto, em especial nas economias avançadas, “onde a atividade começou a melhorar mais cedo do que o esperado depois que os bloqueios foram reduzidos em maio e junho, bem como indicadores de um forte recuperação no terceiro trimestre”.
Já a revisão para baixo no crescimento previsto para o ano que vem reflete “as expectativas de distanciamento social persistentes”. Após a recuperação em 2021, o crescimento global deve desacelerar gradualmente para cerca de 3,5% no médio prazo.
O FMI destacou, assim como nos relatórios anteriores de junho e abril, que a incerteza é excepcionalmente grande em torno das projeções, que são baseadas em questões de saúde pública e fatores econômicos inerentemente difíceis de prever.
Desta forma, as previsões levam em conta a resposta de saúde pública à pandemia e as interrupções da atividade associadas, bem como a demanda fraca, turismo mais fraco e remessas menores. Progressos com vacinas e tratamentos podem levar a um retorno mais rápido aos níveis pré-pandêmicos, diz o FMI, assim como a extensão de medidas fiscais em 2021.
“Os resultados teriam sido muito mais fracos se não fossem as grandes, rápidas e sem precedentes respostas fiscais, monetárias e regulatórias que mantiveram a renda disponível para as famílias, protegeram o fluxo de caixa para empresas e apoiaram provisões de crédito. Coletivamente essas ações têm evitado até agora a recorrência da catástrofe financeira de 2008 e 2009”.
Segundo o relatório, as projeções implicam amplos hiatos de produção negativos e elevadas taxas de desemprego neste ano e em 2021 tanto nas economias avançadas quanto emergentes.
O PIB das economias avançadas deve encolher 5,8% este ano, após a projeção de queda de 8,1% no relatório anterior, e depois do avanço de 1,7% em 2019. Para 2021, a precisão de alta caiu de 4,8% para 3,9%, de acordo com o FMI.
Para as economias emergentes, o Fundo revisou sua projeção de queda de 3,5% para 3,3% para este ano, e a expectativa de crescimento para o ano que vem passou de 6,2% para 6,0%. Em 2019, o PIB dos países emergentes avançou 3,7%.
“Enquanto a recuperação na China tem sido mais rápida do que o esperado, a longa ascensão da economia global de volta aos níveis pré-pandemia continua sujeita a contratempos”.
O FMI destacou ainda que as infecções estão aumentando rapidamente em alguns países emergentes, e consequentemente, excluindo a China, a queda na produção este ano e no próximo será maior do que nas economias avançadas.
“Essas recuperações desiguais pioram significativamente as perspectivas de convergência global em níveis de renda”.