FMI prevê alta de 6% em PIB global em meio a disparidade de acesso a vacinas

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São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a previsão de crescimento de 6,0% para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial feita em abril, alertando que a disparidade na distribuição de vacinas contra a covid-19 é o principal obstáculo para que o processo de recuperação da economia global ganhe ainda mais tração. Em 2020, o PIB
mundial encolheu 3,2%.

“O acesso às vacinas surgiu como a principal linha de falha ao longo da qual a recuperação global se divide em dois blocos: aqueles que podem esperar uma maior normalização da atividade ainda este ano – quase todas as economias avançadas – e aqueles que ainda enfrentarão o ressurgimento de infecções e o aumento da mortalidade pela covid-19”, diz o FMI em seu novo relatório sobre previsões econômicas.

O fundo alerta, no entanto, que a recuperação não é garantida mesmo em países onde as infecções são atualmente muito baixas, uma vez que o vírus continua circulando em outras regiões.

Para 2022, a estimativa é mais otimista e o PIB mundial deve crescer 4,9% ante projeção de 4,4% feita em abril. Essa previsão considera a performance mais sólida das economias avançadas no próximo ano.

“A elevação de 0,5 ponto percentual para 2022 deriva em grande parte da atualização prevista para as economias avançadas, especialmente nos Estados Unidos, refletindo a legislação prevista de apoio fiscal adicional na segunda metade de 2021 e melhores indicadores de saúde de forma mais ampla em todo o grupo”, diz o FMI.

No relatório, o Fundo defende uma ação multilateral para reduzir as divergências e fortalecer das perspectivas globais. “A prioridade imediata é distribuir vacinas de forma equitativa em todo o mundo. Uma proposta do corpo técnico do FMI de US$ 50 bilhões, endossada conjuntamente pela Organização Mundial da Saúde, Organização Mundial do Comércio e Banco Mundial, fornece metas claras e ações pragmáticas a um custo viável para acabar com a pandemia”, diz o FMI.

Economias com restrições financeiras também precisam de acesso desimpedido à liquidez internacional, segundo o Fundo, destacando sua proposta de alocação geral de direitos especiais de saque de US$ 650 bilhões, que visa aumentar os ativos de reserva de todas as economias e ajudar a aliviar as restrições de liquidez.

O Fundo pede ainda que os países redobrarem os esforços coletivos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Essas ações multilaterais podem ser reforçadas por políticas em nível nacional adaptadas ao estágio da crise que ajudem a catalisar uma recuperação sustentável e inclusiva. Políticas combinadas e bem dirigidas podem fazer a diferença entre um futuro de recuperações duráveis para todas as economias ou um com linhas de fratura cada vez maiores”, diz FMI.