São Paulo – O BTG Pactual avalia que a oferta subsequente de até 325 milhões de ações da BRF deverá ser aprovada na assembleia de acionistas marcada para 17 de janeiro que votará a proposta, levando a um aumento de capital de R$ 7 bilhões com uma oferta secundária de ações (follow-on) e, com isso, o nível de alavancagem da BRF caia para 2,2 vezes, de 3,4 vezes ao final de 2022. A análise também espera que a Marfrig aumente sua participação para além do limite de 33,33% de que tem direito.
“Uma vez que há mudanças sendo propostas no estatuto social da BRF, nosso entendimento é de que seja necessária uma presença mínima de acionistas representando 2/3 do capital social, mas a aprovação das propostas exigirá apenas uma maioria simples de votos. Se o quorum mínimo não for alcançado, a assembleia pode ser realizada em segunda convocação com qualquer número de acionistas presentes. Os acionistas da BRF também terão direito de prioridade na subscrição de até 0,4025 novas ações por ação BRFS3 possuída, garantindo seu direito de não serem diluídas”, explicam os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG, em relatório.
Uma das possibilidades apontadas pela análise é que a Marfrig possa subscrever ações até a sua fatia proporcional a preços de mercado para que ela não seja diluída, considerando o processo de bookbuilding estabelecido na proposta do follow-on. Na visão dos analistas, a oferta oferece uma oportunidade única para a Marfrig aumentar sua aposta além do limite de 33,33%, com a possibilidade de reservar mais do que as 107 milhões de ações que tem direito.
“Se a Marfrig estiver de fato disposta a fazer isso, acreditamos que há um risco de a oferta acontecer acima dos preços de mercado, o que combinado com a oportunidade de resolver significativamente as restrições de estrutura de capital da BRF, são as razões que acreditamos os acionistas irão aprovar o aumento de capital apesar da diluição, além do fato de que o negócio pode ser agregador de ganhos por ação, dado o potencial considerável redução dos encargos financeiros da BRF”, comentaram.
Por fim, o banco mantém a recomendação neutra para ambas as companhias, citando dúvidas em relação a uma possível mudança de controle na BRF, mas com uma visão mais construtiva para a estrutura de capital da companhia, enquanto, para a Marfrig, consideram o seu posicionamento para alcançar fortes margens nos Estados Unidos no curto prazo e possível aumento de alavancagem devido ao possível aumento de posição na BRF.