São Paulo – Autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) debateram a persistência da inflação em sua reunião de dezembro, com opiniões variadas sobre onde as taxas de juros poderiam se estabilizar em 2025, mostra a ata da última reunião do Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) – realizada nos dias 18 e 19 de dezembro.
Os membros do Fomc enfatizaram que a política de juros não está em um caminho pré-determinado e precisará evoluir em resposta aos dados e às políticas implementadas pela nova administração.
“Os participantes esperavam que a inflação continuasse a convergir para 2%, embora tenham notado que as leituras recentes de inflação, mais altas do que o esperado, e os efeitos de potenciais mudanças nas políticas comerciais e de imigração sugeriam que o processo poderia levar mais tempo do que o previsto anteriormente”, mostra a ata. “Vários observaram que o processo desinflacionário pode ter estagnado temporariamente ou destacaram o risco de que isso possa ocorrer.”
O Fomc votou para reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp), para 4,25% a 4,5%, pela terceira reunião consecutiva. Autoridades também sinalizaram um ritmo lento e gradual de cortes nas taxas à frente, devido à inflação persistente, ao crescimento econômico sólido e à incerteza nas políticas fiscais.
A ata da última reunião adicionou contexto adicional ao pensamento das autoridades sobre os caminhos da economia, das taxas de juros e da inflação nos próximos anos.
“Dada a elevada incerteza sobre os detalhes relativos ao escopo e ao cronograma das possíveis mudanças nas políticas comerciais, de imigração, fiscais e regulatórias, bem como seus potenciais efeitos sobre a economia, a equipe destacou a dificuldade de selecionar e avaliar a importância desses fatores para a projeção básica e apresentou uma série de cenários alternativos”, diz a ata do Fed.
Sem mencionar diretamente o presidente eleito, Donald Trump, o resumo da reunião fez pelo menos quatro referências sobre o impacto que mudanças nas políticas de imigração e comércio poderiam ter na economia dos Estados Unidos.
Desde a vitória de Trump nas eleições de novembro, ele sinalizou planos para tarifas agressivas e punitivas contra a China, México, Canadá e outros parceiros comerciais dos Estados Unidos. Além disso, ele pretende seguir com mais desregulamentação e deportações em massa.
No entanto, a extensão das ações de Trump e, especificamente, como serão direcionadas, cria uma faixa de ambiguidade sobre o que está por vir, o que os membros do Fomc disseram que exigiria cautela.
“Quase todos os participantes julgaram que os riscos de alta para a perspectiva de inflação aumentaram”, mostra a ata. “Como razões para esse julgamento, os participantes citaram as leituras recentes de inflação mais fortes do que o esperado e os prováveis efeitos das potenciais mudanças nas políticas comerciais e de imigração.”
