São Paulo, SP – O Bank of America (BofA) analisou as condições de crédito dos bancos brasileiros em função dos números divulgados pelo Banco Central recentemente. Para os especialistas do banco, a fraca originação de crédito continuou a pressionar seu crescimento e a inadimplência continuou a se deteriorar. Além disso, os spreads aumentaram ainda mais, apoiados pela reavaliação, uma vez que os bancos mantiveram uma abordagem mais conservadora nos empréstimos, por isso a instituição continua com sua “abordagem seletiva” no setor.
O BofA apontou que suas preferências são Banco do Brasil, BTG Pactual, ABC Brasil e Inter entre os bancos brasileiros, todos com classificação de compra.
Na leitura do BofA, os dados de maio do BC continuam refletindo condições restritivas do mercado de crédito, com uma originação estável em relação ao ano anterior, levando à desaceleração do crescimento da carteira. “Os spreads aumentaram devido à
reavaliação das taxas de empréstimo e a inadimplência segue piorando – especialmente em cartões de crédito rotativo – reforçando os argumentos do governo para mudanças regulatórias em cartões de crédito devido ao alto endividamento.”
O crescimento da carteira total desacelerou pelo 11º mês consecutivo para 10% A/A, refletindo um desempenho mais fraco tanto no crédito a empresas como ao consumo. “A desaceleração da carteira de pessoa física ocorreu de forma generalizada, com destaque para o cartão de crédito rotativo, o crédito pessoal e crédito consignado e cheque especial.”
Enquanto o crescimento dos bancos do setor privado está desacelerando acentuadamente, o crescimento dos bancos do setor público tem se mostrado resiliente. “Essa disparidade é provavelmente explicada pelo forte crescimento rural de 20% ao ano, ao qual o Banco do Brasil tem uma alta exposição.”
A inadimplência de pessoas físicas permaneceu estável em 4,2%,mas houve maior deterioração nos empréstimos sem garantia. A inadimplência do cartão de crédito rotativo atingiu 54% (+190pb MoM) e o cheque especial atingiu 13,2% (+60pb MoM), o maior nível desde Janeiro de 2021. “A inadimplência do setor corporativo aumentou 10bp MoM para 2,5% e está ligeiramente acima da média de 10 anos de 2,3%”, segundo os analistas do BofA.
Os spreads totais aumentaram 50pb MoM, atingindo o nível mais alto desde Abr’17. Mais uma vez, a expansão foi mais forte na caderneta de consumo (+50 pb), suportada pelo repricing, uma vez que os bancos têm apostado nos empréstimos colateralizados (que operam com spreads mais baixos).