São Paulo – O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse hoje que a função principal dos diretores da entidade é votar por uma política monetária restritiva suficiente e pelo tempo necessário para que a inflação convirja à meta, atualmente fixada em 3% pelo governo federal. A breve fala fez parte do Seminário Summit Brazil USA, em Nova Iorque.
“Meta não se discute, se persegue e se cumpre”, comentou.
Perguntado sobre a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e sobre os votos dos membros votantes, Galípolo disse que chegou a considerar votar por um corte de 0,25 ponto percentual, mas optou por defender um novo corte de 0,50 ponto. Para ele, é normal que os diretores que chegaram mais recentemente ao BC sejam questionados pelos seus posicionamentos, uma vez que os técnicos mais antigos já conquistaram uma credibilidade pela qual os novos funcionários ainda trabalham.
“Esse business de BC está muito ligado à credibilidade e os diretores que já estão lá há mais tempo conquistaram essa credibilidade”, comentou
Uma das principais preocupações dos técnicos, diz Galípolo, é o aumento da projeção da Selic (taxa básica de juros) terminal pelo boletim Focus e a desancoragem das expectativas de inflação. Segundo ele, a discussão foi difícil, mas o banco vê valor no consenso entre os diretores, mas também na autonomia de cada um deles.
“Campos Neto sempre foi muito zeloso nesta questão da autonomia, como um legado que ele vai deixar para nós. Jamais houve discussão sobre um ou outro argumento ser plausível ou não.”
“Estou muito orgulhoso que o Banco Central (BC) tenha tomado uma decisão sem se preocupar com eventuais críticas a um ou outro diretor”, disse.
“A discussão durante do comitê era sobre o que se ganharia ao fazer uma redução no ritmo [de corte], versus o ganho que se teria em relação ao guidance”, conclui.