Galípolo:”Já está no preço a expectativa de um déficit superior à meta em 2024″

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São Paulo – O diretor de de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o mercado já precifica um déficit acima da meta fiscal entre 1,1% e 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem.

“O ceticismo que pode existir aqui já se refletiu e está previsto nos preços. Na possibilidade dessa ocorrência em março, há o arcabouço e todos os gatilhos que podem ser acionados. Há um esforço da equipe econômica em tentar reafirmar seu compromisso com a meta, mas há uma série de desafios.”

Conforme ele explicou em palestra na 6 edição do Fórum GRI de Fundos Imobiliários, realizado pelo GRI Club, em São Paulo, as instituições ouvidas pelo Boletim Focus reduziram a previsão de déficit primário para 0,75% do PIB, de 0,80% na semana passada.

“De acordo com o exterior, estamos performando melhor, mas como o Real é uma moeda de carry, começa essa discussão do estreitamento de juros com os Estados Unidos.”

Segundo ele, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tem previsão de deixar de adquirir US$ 1 tri em Treasuries (Títulos do Tesouro norte-americano), já que o país está custando US$ 200 bilhões mensais ao Tesouro, “mas apesar disso a gente não percebe um risco fiscal maior para o Estados Unidos.”

“Atividade econômica e mercado de trabalho resiliente, demandaria do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manter as taxas de juros mais altas por mais tempo. O ano começou com algum ceticismo e temor de recessão mas, após as reformas ao longo do primeiro semestre no Brasil, os juros futuros começaram a cair, antes mesmo do Banco Central (BC) começar o ciclo de cortes” reitera.

A autoridade disse que querem entender o quanto o Brasil pode crescer sem gerar pressão inflacionária e lembrou que muitos países com situação semelhante – atividade resiliente e inflação persistente – têm atribuído a questões mais domésticas essa explicação. “O Canadá, por exemplo, atribui esse cenário à questão demografica.”

“O Brasil se apresenta bem posicionado: mercado de trabalho ainda aquecido, sem pressão inflacionária elevada, além de reservas internacionais robustas. Mas essas taxas longas mais altas nos Estados Unidos não costuma ser tranquilo para países emergentes”, lembra.