São Paulo – O evento Rio Oil & Gas, que termina nesta quinta-feira no Boulevard Olímpico do Rio de Janeiro (RJ), promoveu na manhã de hoje um painel sobre a geração de energia eólica em ambiente offshore no Brasil.
Mediado por pelo CEO da Prumo Logística, Rogério Zampronha, o debate contou com as participações de Laura Porto, diretora executiva Neoenergia, Andre Salgado, presidente da EDF Renováveis, e Andre Leite, diretor da Eólica Offshore da Equinor.
Atualmente, 75% da geração de energia do país é de energia renovável e a eólica representa 12%. A previsão é que nos próximos 10 anos, a energia eólica deve dobrar sua produção na matriz energética. Isso criará um mercado ainda maior no país, com investimentos pesados, gerando empregos e desenvolvimento de toda uma cadeia produtiva.
Agora, o país projeta a implantação de usinas offshore, sobre o mar. Os debatedores destacaram que o Brasil tem uma característica interessante, uma costa com uma faixa de baixa profundidade, até 50 metros, com um potencial de geração eólica offshore de, aproximadamente, 700 mil megawatts.
Zampronha disse que essa característica, de água rasa, eliminaria a necessidade de ter eólicas flutuantes, que é mais cara e tem uma logística de instalação e manutenção mais complexas.
A diretora-executiva da Neoenergia afirmou que a empresa tem como foco o desenvolvimento de uma carteira de projetos renováveis eólicos e fotovoltaicos, além da capacitação de equipes e parcerias estratégicas para a viabilidade de geração eólica offshore e desenvolvimento de projetos-pilotos de hidrogênio verde.
O CEO da Prumo enfatizou que o Porto do Açu é o único empreendimento portuário no país capaz de fomentar a industrialização de baixo carbono desde o princípio, porque além da retroárea disponível e infraestrutura de classe mundial, conta com ótima localização, sendo o melhor local para instalar bases logísticas para eólicas offshore.
“O Porto do Açu se projeta como área no litoral brasileiro que reúne uma das melhores condições de vento para a instalação de eólicas offshore, com grandes players mundiais interessados em instalar projetos na costa contígua. Hoje já temos 2,4 GW de projetos de energia renovável em desenvolvimento”, detalhou o executivo.
Para Andre Salgado, presidente da EDF Renováveis, o país precisa ter um marco regulatório robusto, uma política energética para o setor e, assim, conseguir desenvolver toda uma cadeia produtiva para criar uma indústria de eólicas offshore forte e rentável, tanta para o investidor como para o país.
“Temos que ter previsibilidade para conseguir atrair investimentos e desenvolver o setor no país. É preciso ter um projeto, saber quanto vai se produzir e prever com mais exatidão qual é a capacidade que será instalada no país ao longo do tempo”, explicou Salgado, que lembrou que o país vai se beneficiar com a cadeia logística que já tem com suas experiências na geração de energia eólica onshore.
A EDF estuda a instalação de usinas eólicas offshore no litoral do Rio de Janeiro, na altura do Norte Fluminense, para aproveitar a infraestrutura logística do Porto do Açu e a demanda industrial da região. A empresa tem instalado, atualmente, 1 GW, sendo 600 MW França e 400 MW no Reino Unido (600 MW).
Em novembro de 2020, foi lançado o Termo de Referência (TR) padrão para Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/Rima) de Complexos Eólicos Marítimos. A padronização do TR traz celeridade e qualidade às análises ambientais, além de diminuir a discricionariedade e a insegurança jurídica, garantindo assim, proteção ambiental e atração de investidores. Com a publicação do TR, a abertura de novos processos de licenciamento ambiental para projetos da tipologia foi intensificada.
Em janeiro deste ano, o governo federal publicou o decreto nº 10.946, que trata do uso de espaços físicos e do aproveitamento dos recursos naturais em águas interiores de domínio da União, no mar territorial, para a geração de energia elétrica a partir de empreendimento offshore. O decreto entrou em vigor em junho deste ano.
Andre Leite, diretor de Eólica Offshore da Equinor, enfatizou que o desenvolvimento de uma cadeia produtiva e de suprimentos do setor no país vai estimular a demanda e, em breve, deixará a produção offshore mais barata que a onshore, o que, segundo Leite, já acontece no Reino Unido
As regiões que têm mais potencial para geração offshore no Nordeste é a costa do Rio Grande do Norte, até a costa do Piauí, no Sul, da costa de Santa Catarina, até o Uruguai, e no Sudeste, na região sul do Espírito Santo.