Gerdau prevê forte demanda por aço e reitera investimentos

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São Paulo – A Gerdau reiterou a projeção de investimentos no ano em R$3,5 bilhões em modernização e aumento da capacidade de produção, para atender uma expectativa de crescimento de 20% nas entregas de aços longos em 2021, em relação ao que foi entregue em 2020, especialmente no Brasil. No segundo semestre, a companhia investiu R$ 566 milhões e em 2020, R$ 1,65 bilhão.

“No Brasil, a demanda por aços especiais segue firme para veículos especiais e pesados. A empresa está confiante com as projeções de crescimento do setor de veículos, especialmente os pesados, que são menos impactados pela escassez de chips, e com a perspectiva favorável de construção, imobiliário, infraestrutura e com a retomada da produção industrial”, disse Gustavo Werneck, presidente da companhia.

A Gerdau está alocando grande parte da produção ao mercado interno, após entregar menos de 10% de sua fabricação para o exterior, com investimentos serão destinados à ampliação e modernização de diversas unidades.

Em Ouro Branco (MG), a empresa anunciou a adição de 1,1 bilhão de toneladas em perfis estruturais por ano, e em uma nova linha de produção de bobinas a quente, para ampliar a capacidade de 250 mil toneladas por ano.

A companhia também retomou a operação de um laminador na Cosigua, no Rio de Janeiro, após sete anos parado, para produzir 360 mil toneladas de vergalhão, para atender o setor de construção civil no Brasil. A unidade produz laminados, arames, pregos e tem três laminadores.

E retomará a produção em Araucária (PR), entre setembro e outubro, para ampliar em 500 mil toneladas por ano a produção de perfis estruturais.

E, por fim, retomou a produção das aciarias de Mogi das Cruzes (SP), em agosto, e Caucaia (CE).

“A usina de Ouro Branco é importante para atender os mercados Norte e Nordeste”, disse Werneck, que buscou afastar risco de desabastecimento do mercado e disse que há demanda firme. “O mercado brasileiro será abastecido, está super bem atendido, não há falta de produto no mercado”, afirmou.

Em relação à demanda, o presidente da companhia disse que não espera redução, mas que já vê queda nas exportações em alguns mercados, como a Rússia. “O nome do jogo para aumentar a rentabilidade é a gestão de custos, buscaremos boas oportunidades para reduzir”, respondeu aos analistas, em teleconferência realizada hoje.

A companhia estima estabilidade dos preços no segundo semestre, como a redução de US$ 20 por tonelada da sucata no mercado norte-americano, e por isso, buscará ajustar os custos.

“A questão de preço é global. O principal elemento é a China, com redução das exportações, haverá uma redefinição para busca de equilíbrio. A sucata também terá um patamar mais elevado. Essas demandas globais vão continuar, isso impacta todo o mercado, a demanda vai continuar alta e estamos preparados para ter margens mais elevadas, com demanda firme e custos mais elevados”, completou.

A companhia também espera participar do crescimento do parque gerador de energias renováveis e que pode fornecer aço para toda a cadeia de construção das estruturas utilizadas em energia eólica e solar.

Em relação ao custo com energia, a empresa também considera preparada para enfrentar qualquer cenário de crise hídrica. Também mencionou o investimento em energia solar, anunciado em julho, em parceria com a Shell, no parque Aquarii, em Brasilândia (MG), com 190 MW, para fornecer energia às unidades de produção de aço e com foco na autossuficiência energética da companhia.

“O investimento marca o ingresso da companhia na gestão de parques de energia solar. A iniciativa também tem foco em redução das emissões de gases de efeito estufa atrelada a iniciativas da companhia na área ambiental, social e de governança (ESG)”, disse Harley Scardoelli, diretor vice presidente da Gerdau.

A companhia disse que a forte geração de caixa ao longo do ano permitirá suportar uma maior capacidade de investimentos e aumento de custos.

O presidente da Gerdau disse que a companhia buscará investimentos orgânicos e baixo endividamento. A alavancagem da companhia caiu em virtude do forte ebitda gerado no segundo trimestre, de 0,96 vez para 0,65 vez, e está abaixo da meta de 1 vez a 1,5 vez estipulada pela companhia.

EXTERIOR

A companhia informou que o “backlog” de pedidos dos Estados Unidos equivale a 100 dias de compra por conta da forte demanda de setores consumidores de aço, como a construção civil e infraestrutura. O pacote de US$1 trilhão em investimentos em infraestrutura do governo federal também deixa a companhia com visão otimista para os negócios nos próximos cinco a oito anos, disse Gustavo Werneck, que também citou investimentos nas unidades, como a usina de Monroe (EUA), que finalizou uma adaptação, para ampliar a produção.

“Hoje nossas plantas na América do Norte estão operando com capacidade de mais de 90%, esperamos um crescimento de 45% no setor automotivo e forte demanda de óleo e gás nestes mercados”, comentou.

Na América do Sul, a companhia destacou a retomada da produção da aciaria na Argentina, em julho, que estava parada por conta das restrições sanitárias para combate à pandemia, e tem registrado bons níveis de demanda do setor de construção civil.

REFORMA TRIBUTÁRIA

A Gerdau disse que considera a atual política de pagamento de dividendos adequada e não pretende alterá-la, mas que irá analisar possíveis impactos da reforma tributária que está em discussão no Congresso.

“Pagamos dividendos três vezes ao ano e por enquanto vamos manter essa política. Vamos aguardar a definição da reforma tributária e, caso necessário, podemos ajustar, mas consideramos que nossa estratégia está adequada. Neste semestre, já pagamos o dobro do ano passado por conta da forte geração de caixa que tivemos”, disse  Scardoelli.

No momento, a companhia também não considera realizar recompra de ações devido ao foco em redução de dívida bruta e investimentos.

“Estamos com um múltiplo de EV/ebitda entre 3 e 4 vezes, o que é baixo em relação ao de outras empresas do mercado, também vale considerar isso”, acrescentou.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 7,8 bilhões e distribuiu R$ 2,3 bilhões em dividendos no primeiro semestre de 2021, ante R$ 2,4 bilhões e 715 milhões em 2020, nas mesmas bases. O dividend yield passou de 2,1% ao final de 2020, para 8,5% no acumulado deste ano.