São Paulo – A Gerdau mostrou uma perspectiva otimista para o suprimento de aço para projetos de infraestrutura e construção no Brasil e Estados Unidos, em apresentação a investidores na reunião da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), realizada na tarde desta quinta-feira.
“Com a realização de grandes obras de infraestrutura e crescimento do setor de construção, vemos boas perspectivas de upside”, disse o diretor vice-presidente da área, Fernando Pessanha, na reunião
Pessanha informou que a operação de longos e planos no Brasil representa mais de 30% da entrega total da Gerdau no Brasil e alcançou 70-80% de utilização de sua capacidade em 2022. Nos últimos anos, o ebitda cresceu de R$3 bilhões para R$ 6 bilhões, o melhor resultado da década, ressaltou, impulsionada pelo setor de construção cresceu 6,4% em 2022, enquanto o varejo caiu 8%.
Para 2023, o foco da operação será o componente de custo para melhora do resultado, disse o diretor de longos e planos da Gerdau.
Em relação a este ponto – o custo -, o presidente da Gerdau Gustavo Werneck da Cunha disse que os investidores devem monitorar os preços no mercado internacional e que espera entregar uma margem maior dos produtos exportados a partir da operação brasileira.
Outro potencial crescimento da operação deve vir da indústria, com recuperação nos setores de agricultura, energia e equipamentos rodoviários. A área de energia renovável também é outro vetor de negócios para a operação.
A operação da América do Norte prevê demanda sólida em 2023, que a companhia atribuiu ao mercado de construção, com a oferta de perfis estruturais, e plano de investimento em infraestrutura e redução da inflação dos Estados Unidos.
A Gerdau prevê utilizar mais de 90% da capacidade de seus ativos e investirá na diversificação de seus produtos para atender o mercado da América do Norte.
Chian Yuan Wang, presidente da Gerdau Aços Longos América do Norte, disse que resultado de 2022 foi fantástico, mas que deve desacelerar por conta da estimativa de recessão nos Estados Unidos.”O aço longo está mais resiliente que o longo e em perfis, o mercado está disciplinado, com players. Hoje podemos entrar em energia, solar, construção e manufatura. Mesmo com o “slow down” esperado, acho que a GLN vai atingir resultados históricos e bastante fortes, tanto em volume como em margens”, comentou Wang.
O presidente da Gerdau ressaltou que a companhia tem dificuldade de encontrar mão-de-obra nos Estados Unidos, com cerca de 400 posições abertas, o que mostra que o mercado ainda está forte e que os investimentos em capacidade posicionam bem a empresa no mercado de siderurgia norte-americano.
Em termos financeiros, o diretor Rafael Dorneles Japur destacou que a companhia usou o caixa de R$ 25 bilhões gerado em 2022 para reforçar sua estrutura de capital, além de alocar R$ 12 bilhões aos acionistas.
A companhia buscará investimentos para aumentar capacidade de processamento, destravar valor nas usinas que já possui e entregar maior valor agregado.
Já para a indústria automotivas, as perspectivas foram um pouco mais modestas, citando que espera que a crise de semicondutores seja mais branda em 2023 e permita uma recuperação da indústria automotiva nos Estados Unidos, na Da mesma forma, no Brasil, a companhia destacou os números apresentados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), para mostrar a queda do setor e a expectativa de normalização para 2023.
“No lado da oferta esperamos melhora, mas na demanda o cenário ainda é desafiador”, disse o diretor vice-presidente executivo Rubens Fernandes Pereira.
No segmento de caminhões, a troca de tecnologia deve gerar uma queda nas vendas até que haja normalização dos estoques.
Em 2022, a Gerdau anunciou investimentos com foco no suprimento de aço para o segmento automotivo em Monroe, nos Estados Unidos, e no Brasil, de R$ 700 milhões, em Pindamonhangaba (SP) e de R$ 90 milhões, em Charqueadas (RS).
