São Paulo, 5 de dezembro de 2024 – Em discursos na cerimônia de inauguração de uma fábrica de celulose da Suzano, nesta quinta-feira, em Ribas do Rio Pardo (MS), os representantes do governo federal reagiram à reprovação do mercado financeiro e ressaltaram os indicadores sociais positivos divulgados na véspera, em meio à dificuldade de aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, por exemplo, disse “não é possível que um país que tira as pessoas da miséria seja descredibilizado pelo mercado”. Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (4) pela Quaest mostrou que a reprovação do governo Lula entre os agentes do mercado financeiro cresceu e chegou a 90%, ante 26% em março.
O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse ser “um homem de muita sorte” e citou a guinada do Corinthians, seu time do coração, no Campeonato Brasileiro como exemplo. “Isso não aconteceria com uma pessoa azarada.”
“Quando eu fui eleito pela terceira vez, tínhamos em mente que pegamos um país destruído. Eu sempre digo nos estados que eu visito que alguém consiga me apresentar uma obra estruturante feita pelo governo anterior. Convidei os governadores, que são as pessoas que conhecem o estado, para indicar o que precisava ser feito no Novo PAC”, discursou Lula, ressaltando que não teve preferências políticas nesse processo.
Lula também comentou sobre o processo de escolha de projetos do PAC Seleções com prefeituras. “Quando a gente governa com seriedade, não levamos em conta amigos.”
O presidente disse que está reconstruindo o país. “Vocês não tem noção a quantidade de escolas, casas, conjuntos habitacionais, por irresponsabilidade. Por que alguém inventou que ia fazer casa verde amarela. No meu governo as pessoas pintam a casa da cor que quiserem.”
Em relação à reprovação do governo pelo mercado financeiro, Lula minimizou e disse que, se a reprovação chegou a 90% dos agentes, “segundo a pesquisa, eu já ganhei 10% da Faria Lima, por que na eleição eram 100% contra”.
Ele também voltou a lembrar que o mercado financeiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) erraram as previsões em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na terça-feira (3), o IBGE informou que o PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024 e acumula alta de 3,1% em quatro trimestres. “Eu comecei o ano no com o FMI comunicando a mim no Japão, que a economia iria crescer apenas 0,8% em 2023. Eu disse que a diretora do FMI podia conhecer muito bem o FMI, mas não o Brasil. O Brasil cresceu 3%. O mercado financeiro disse que a economia brasileira não ia crescer mais que 1,5%.”
O presidente também reforçou a mensagem de que o governo busca crescer com distribuição de renda. “O Brasil já cresceu 14% com Delfim Neto e o país estava mais pobre. O crescimento do país tem que ser dividido com todos. Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria, analfabetismo, destruição. Todo mundo tem direito a comer, a ter moradia e escola, está na Constituição.”
Lula também prometeu terminar o governo com o crescimento da economia para todos. “Em 2010, entreguei a economia crescendo 7% e eu vou entregar outra vez. Vamos entregar as pessoas consumindo e o mercado reclamando outra vez. O agronegócio não gosta de mim por outros motivos, não é por falta de dinheiro. O agronegócio nunca recebeu tanto dinheiro como no meu governo. O dinheiro tem que circular na mão de todos e não em banco fazendo especulação”, discursou o presidente.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ressaltou que o slogan do governo federal é “união e reconstrução” tem o objetivo de promover o diálogo. “É importante olhar o quanto já caminhamos. O presidente recebeu um país totalmente endividado, com R$ 93 bi em precatórios que não foram pagos e o presidente pagou o que herdou do passado e do presente. O Brasil emprestou R$ 11 bilhões da Caixa para ajudar condutores de aplicativos. Quem tomou empréstimo sequer tinha carteira de motorista e isso virou uma enorme inadimplência. Tudo isso foi feito com responsabilidade fiscal. Saímos de um déficit de R$ 2,2 bi. Muitos que às vezes moram fora do Brasil, torcem contra o país. O Brasil cresceu investindo, com crédito e a maior massa salarial desse país. As pessoas saíram da pobreza e extrema pobreza. Com empreendimentos como o da Suzano, que investiu no Brasil”, declarou.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, ressaltou investimentos do setor de celulose no Mato Grosso do Sul e do setor privado no governo da ex-presidenta Dilma Roussef e criticou o mercado financeiro.
“Os verdadeiros agentes econômicos são a agricultura familiar e a iniciativa privada que investe no Brasil. Não é possível que o Brasil, estando com a menor taxa de desemprego e ocupação da história, tendo tirado 13 milhões da pobreza e que agora tirou 3 milhões de jovens da condição de nem estuda, nem trabalha, não é possível que o mercado financeiro jogue contra o país”, discursou a ministra, possivelmente reagindo à pesquisa que mostrou o aumento da reprovação do governo Lula entre os agentes do mercado financeiro.
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou as políticas que viabilizaram a Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD) e a depreciação acelerada. “Hoje o papel principal é da Suzano e do presidente Lula”, disse em rápido pronunciamento.
Em discurso direcionado ao presidente Lula, o diretor-presidente da Suzano, Beto Abreu, destacou que o Brasil tirou 8,7 milhões da pobreza em um ano (2022-2023), segundo dados divulgados ontem (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os dois últimos anos da pesquisa, 3,1 milhões de pessoas deixaram de ser extremamente pobres, ou seja, passaram a poder contar com o equivalente a pelo menos US$ 2,15 por dia. Apesar do recuo, os dados divulgados na quarta-feira mostram que 58,9 milhões de pessoas ainda viviam na pobreza; enquanto 9,5 milhões, na extrema pobreza.
“O investimento de R$ 22,5 bilhões que a Suzano fez na região gerou emprego, renda, hoje temos 10 mil empregos diretos e indiretos e gerou desenvolvimento. Isso é exemplo de industrialização”, comentou o executivo.
“Presidente, o senhor pode continuar contando conosco pois vamos continuar trabalhando pelo povo”, disse o executivo ao presidente Lula.
O presidente do conselho de administração da Suzano, David Feffer, disse que o investimento na unidade é o maior da história da Suzano. “O Projeto Cerrado, como chamamos em homenagem ao Cerrado do Mato Grosso do Sul. Serão mais de meio bilhão de pessoas beneficiadas durante a obra”, discursou. “Acreditamos que o Brasil tem um papel fundamental na sustentabilidade do mundo. Seguimos juntos, fazendo o nosso papel, sem fazer trocadilho.”