São Paulo – Por conta de possíveis ataques que derrubaram três torres de transmissão, uma em Itaipu e duas em Rondônia, nos últimos dois dias, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia criaram um gabinete para acompanhar ataques em instituições do setor elétrico que possam comprometer o fornecimento de energia à população, no contexto dos ataques violentos registrados no domingo nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, e em diversas regiões do país.
Um boletim semanal do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado na segunda-feira (09/01) apontou avarias e quedas nas linhas de transmissão Foz do Iguaçu (PR) – Ibiúna (SP), operada por Furnas, no Linhão do Madeira, com mais de 2 mil quilômetros de extensão, que conecta as usinas de Santo Antônio e Jirau ao Sudeste do país, da Norte Brasil e controlada pela Evoltz, e da linha de transmissão Samuel (AC) – Ariquemes (RO), da Eletronorte.
Segundo as fontes, foi constatado que atos de vandalismo foram os responsáveis pelos eventos, que não causaram interrupções no fornecimento de energia nas suas regiões. Um dos relatos aponta que um trator atingiu a base de sustentação da torre localizada a cerca de 50 quilômetros de Foz do Iguaçu, que teve seus cabos de sustentação cortados.
Em nota, o ONS afirma que instituiu um Gabinete de Acompanhamento da Situação do Sistema Elétrico Brasileiro, sob coordenação do ministério e da Aneel, visando manter a segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN), que está adotando medidas tradicionalmente implementadas em eventos especiais como, por exemplo, Eleições e Copa do Mundo e Olimpíadas.
“Ao longo do trabalho de monitoramento, o Operador foi comunicado de quedas de torres, mas nesta época do ano de condições climáticas severas, o incidente pode ser considerado normal. Neste momento, as causas estão sendo investigadas pelos respectivos agentes”, disse o operador.
O ONS segue acompanhando a operação e reitera que não houve impactos no suprimento de energia para a sociedade, permanecendo, na forma habitual, verificando todas as ocorrências.
Já o Ministério de Minas e Energia disse que “desde 1 de janeiro, acompanha, junto aos setores de energia elétrica, mineração e combustíveis, os eventos com indícios de vandalismo.”
A pasta reiterou que a derrubadas das torres de transmissão não ocasionou interrupção no fornecimento de energia elétrica e de abastecimento para a população e que “um grupo de trabalho segue monitorando e subsidiando com informações necessárias às decisões para assegurar o suprimento energético e a preservação da cadeia mineral.”
Paralelamente, foram acionados os órgãos de segurança federais e estaduais de modo a apurar e prevenir novos atos.
OPERAÇÃO DIFERENCIADA
O ONS confirmou que iniciou desde a última segunda-feira (09/01) uma operação diferenciada, com medidas para aumento da segurança eletroenergética. Uma delas é a inclusão, na programação e operação do sistema, de montantes maiores de energia para intercâmbios entre as regiões, dando maior margem de segurança em relação aos limites normalmente utilizados. Também se pretende com isso reduzir ou evitar a atuação dos esquemas especiais de proteção, sempre que possível.
Serão autorizadas intervenções em equipamentos apenas em caráter de emergência, ou nos casos em que não se coloque em risco vidas humanas, os equipamentos ou o sistema interligado. Ou, ainda, que representem segurança adicional, que é o caso de retorno de equipamentos em manutenção ou entrada em operação de novos equipamentos.
Distribuidoras, geradoras e transmissoras deverão adotar planos de contingência para garantir a integridade física de instalações e a proteção de dados, além de monitorar riscos de problemas nas instalações, especialmente naquelas com maior relevância para o sistema.As empresas deverão trabalhar com os órgãos de segurança pública dos estados na troca de informações relevantes sobre o assunto, levando imediatamente a esses órgãos informações de eventuais ocorrências.
As concessionárias terão ainda de enviar informações por email à fiscalização da Aneel duas vezes ao dia, nos próximos 15 dias, indicando qualquer ato, tentativa ou suspeita de ataques físicos ou virtuais. Ocorrências de maior gravidade serão detalhadas, assim como as ações em andamento e a previsão de restabelecimento das instalações atingidas.
Especificamente para as distribuidoras, foi determinada a suspensão do fornecimento de energia elétrica de possíveis instalações feitas para atender acampamentos clandestinos de manifestantes. As empresas deverão identificar, se possível, os proprietários ou consumidores responsáveis por essas ligações irregulares, para encaminhamento às autoridades responsáveis.
ELETRONORTE
A subsidiária da Eletrobras, Eletronorte, divulgou nota na segunda-feira informando que, às 21h30 do dia anterior ocorreu o desligamento da LT 230 KV Samuel-Ariquemes C03, circuito integrante da interligação Acre-Rondônia ao Sistema Interligado Nacional.
“Imediatamente, a equipe de manutenção foi acionada e a inspeção realizada detectou que o desligamento foi provocado pela queda de uma torre dessa linha, com indícios de sabotagem”, disse a empresa.
A equipe da Eletronorte foi mobilizada para substituição da torre, com previsão de conclusão dos serviços ao longo desta quarta-feira e disse que as empresas de transmissão e distribuição “estão adotando ações para o restabelecimento dos serviços de energia às comunidades rurais afetadas.”
A Eletronorte informou ainda que atua “no encaminhamento de informações e registro de ocorrência policial para que os órgãos competentes apurem os fatos e identifiquem os responsáveis.”