São Paulo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou que o governo federal pretende alterar a forma de ocupação econômica da região Amazônica e as isenções tributárias previstas pela Zona Franca de Manaus. Em evento direcionado à indústria, ele disse que é preciso tornar a região um centro de referência para serviços verdes e indústrias de alta tecnologia.
Durante um pronunciamento no Diálogo da Indústria, ele disse que o agronegócio tem um bom desempenho econômico em parte porque não há taxação dedicada a este setor, como acontece com a indústria, via Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
“Tínhamos que acabar com IPI. Evidente que não pode fazer isso por uma série de razões, porque ainda não redirecionamos a Amazônia, Temos que redesenhar o modelo da região da Amazônia, temos que viver de serviços verdes, de proteção da floresta, desta produção de oxigênio livre. Teremos que redirecionar e dar nova vocação para a região”, afirmou.
“Imagina se fossem zerados os IPI? Qual seria o estímulo? Não podemos fazer isso porque tem a Zona Franca de Manaus. Quer dizer que o Brasil vai afundar, em vez de salvar o Brasil e dar nova vocação para a Amazônia. É uma vocação que o mundo exige. A Amazônia brasileira tem que ser capital da bioeconomia, da economia sustentável”.
Ele acrescentou que o modelo atual pode substituído por um outro que preveja isenção de Imposto de Renda por 20 anos sobre as empresas que quiserem colocar sede na região.
Mais à frente no evento, ele disse que respeita a Zona Franca de Manaus e que qualquer alteração na forma de funcionamento dela acontecerá de forma gradual, da mesma forma que acontecerá a abertura econômica brasileira para bens industriais de fora.
“Cá entre nós, temos que respeitar a Zona Franca de Manaus e também fazer este phasing out com o mesmo respeito que temos que ter com indústria nacional. Temos que proteger a indústria, aumentar produtividade e competitividade para que chegue rápido e barato”, afirmou.
“Claro que seria ótimo acabar IPI hoje, já vimos Manaus fustigada, vítima de modelo de desenvolvimento equivocado, não podemos chegar a alguém que já é vítima e derrubar. Temos que ter o mesmo respeito, mas temos que ir na direção da vocação natural do lugar, que é exportação de serviço verde e digital”, disse o ministro.
“São biofármacos, tudo que a Tesla está fazendo – podia ter sede do Brasil perto da base de Alcântara, a SpaceX poderia estar ali também, a Amazon poderia estar ali. Pode vir para privatização de Correios, comprar e ter sede dela lá e ficar isenta de impostos. Temos que respeitar a Zona Franca de Manaus. Quero deixar muito claro porque tem sempre a exploração de frases fora de contexto”, afirmou.