Guedes pede redução da tensão entre Poderes para proteger economia

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São Paulo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que a tensão política está prejudicando o crescimento do Brasil e fez um apelo para os envolvidos – inclusive o presidente Jair Bolsonaro – reavaliarem seu comportamento antes que isso “derrube” o crescimento.

“Excessos cometidos são erros, somos seres humanos, nós todos cometemos excessos aqui e ali”, disse Guedes durante um evento promovido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

“Se um juiz está cometendo algum excesso, porque está aprendendo, quebrando isso, quebrando aquilo. Se falou tanto da Lava Jato, que cometeu excessos, será que não estamos cometendo excessos? Se o próprio presidente, nessa ânsia, nessa caçada que ele tem sofrido, também tiver cometido algum excesso: é um homem democrata, foi eleito, está aí há 28 anos, é caçado diariamente. Estando a um ano da eleição, espere e vença, em vez de tentar fazer uma confusão e derrubar a economia brasileira”, afirmou o ministro.

Os comentários de Guedes fazem referência direta aos conflitos do presidente Jair Bolsonaro com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Bolsonaro passou a considerar Moraes um adversário político em abril do ano passado, quando o ministro do STF barrou a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal (PF). Na época, o presidente estava sendo acusado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de tentar interferir na PF – algo que foi citado por Moraes em sua decisão.

O ministro do STF também relatou um inquérito sobre ataques ao STF e aos membros da corte que prejudicou principalmente aliados políticos de Bolsonaro, e recentemente incluiu o presidente como investigado num inquérito sobre a disseminação de notícias falsas e em outro por ter divulgado dados sigilosos da Polícia Federal. Na semana passada, Bolsonaro enviou ao Senado um pedido de impeachment de Moraes por causa destes episódios.

Já o ministro Barroso entrou na mira de Bolsonaro por defender a manutenção do sistema de votação usando a urna eletrônica e criticar publicamente a proposta do presidente de embutir uma impressora de votos nas urnas. A proposta foi rejeitada numa comissão especial da Câmara, e no plenário chegou a ter maioria de votos, mas não atingiu número suficiente para avançar ao Senado. Bolsonaro, porém, segue insistindo, sem apresentar provas, que há fraude nas eleições e ameaçando rejeitar o resultado nas urnas caso seja derrotado.