São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou o resultado acima das expectativas do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, anunciado nesta sexta-feira, e disse que o resultado superando as projeções feitas pela pasta no início do ano, de um crescimento superior a 2%. De acordo com o IBGE, a economia brasileira cresceu 0,9% no 2º trimestre de 2023, acima das expectativas do mercado financeiro.
Em relação ao mesmo trimestre de 2022, o PIB brasileiro teve alta de 3,4%. E, no primeiro semestre de 2023, o ganho foi de 3,7%. Ambos os resultados ficaram consideravelmente acima das medianas coletada pelo Termômetro CMA: +0,3% (trimestral) e +2,5% (anual).
“Estamos com expectativa maior do que na divulgação do resultado de janeiro”, disse o ministro, que lembrou que, nessa época as projeções do mercado eram de 1%, com isso a projeção de crescimento atual é três vezes acima destas estimativas.
No entanto, ao longo da entrevista, ele disse que ainda acompanha com cautela os resultados do mês de julho, devido à queda de arrecadação, que está sendo analisada pela Fazenda – ele citou menor imposto de renda por algumas empresas e que isso deverá estar destacado no relatório do Tesouro.
Ele considera que o terceiro trimestre será chave para as projeções futuras da pasta. “Agosto está melhor que julho, mas ainda não fechou o mês. Vamos acompanhar como será o terceiro trimestre para avaliar quais medidas terão que ser tomadas em caso de uma eventual desaceleração da economia que afete os resultados deste ano e do ano que vem.”
Na sua avaliação a queda do agro reflete o grande crescimento registrado no trimestre anterior e que não há preocupação com o setor. “Os dados qualitativos do segundo trimestre foram muito bons.”
O ministro também acredita que, caso o crescimento se confirme, não espera pressão inflacionária e que a inflação que ocorrer no segundo semestre refletirá “o que já está contratado”. “As projeções de inflação no começo do ano eram superiores a 6% e também vamos fechar o ano num patamar menor”, estima Haddad.
Ele ressaltou que a revisão da projeção de crescimento do PIB será feita oficialmente pela Secretaria de Política Econômica, que acredita que fique em torno de 3% e que o mercado financeiro também vai revisar suas estimativas.
Haddad avalia que se o conjunto de medidas enviadas pelo governo ao Congresso Nacional, em busca de organizar o cenário econômico do país, forem aprovadas, as perspectivas para a economia serão as melhores possíveis.
“Há ainda, com naturalidade, muitos questionamentos sobre como vai ser o ano de 2024, mas eu tenho segurança de que, se nós aprovarmos esse conjunto de medidas que foi para a Câmara dos Deputados, nós vamos continuar colhendo os frutos de uma melhoria na percepção da economia brasileira”, comentou.
Ele também ressaltou que o marco de garantias, já votado no Congresso, pode alavancar o mercado de crédito no Brasil, e vai coincidir com a segunda fase do programa Desenrola. “O governo fará os leilões que vão estabelecer os descontos que cada credor está disposto a dar por CPF negativado, e a partir do mês seguinte, nós teremos o encontro de contas. Se o marco de garantias estiver aprovado, poderemos incrementar o consumo das famílias, que estarão menos endividadas e com um poder de compra maior.”
O Marco das Garantias reformula as normas que regulamentam as garantias de empréstimos com o objetivo de diminuir o risco de inadimplência do devedor e, assim, reduzir o custo do crédito. O PL foi aprovado no Senado no dia 5 e tramita na Câmara dos Deputados, pois teve alterações em seu texto original.
Haddad disse que vê um “ambiente político favorável” à aprovação das medidas para promover o equilíbrio das contas, mas que o Brasil também precisa crescer. “O Brasil só vai encontrar um equilíbrio entre o fiscal, social e ambiental com crescimento. Sem crescimento é difícil que as contas fechem.”
A recomendação do presidente Luís Inácio Lula da Silva é que economia brasileira cresça acima da economia mundial, como nos oito anos de seus governos anteriores, acrescentou o ministro.
Em relação à expectativas negativas de economistas, Haddad disse que não vai abdicar das metas do governo diante das dificuldades. “Estamos seguros de que vamos melhorar o cenário fiscal no Brasil, com a aprovação das medidas enviadas ao Congresso. São medidas bem razoáveis, correções de anos de distorções que foram criadas no nosso sistema. Ninguém está negando que o ambiente é desafiador.”
Para o chefe da Fazenda, a meta de inflação aprovada é factível e “o arcabouço fiscal é a garantia de que vamos fechar essa conta em algum momento do futuro” e que a pasta está “confortável” com o que já foi aprovado pelo Congresso. “O primeiro semestre legislativo foi muito bom. Agora teremos a reforma tributária no Senado, marco de garantias na Câmara, o conjunto de medidas que foram endereçadas para fechar o orçamento do ano que vem. Se tivermos o mesmo êxito que tivemos no primeiro semestre, teremos um 2024 ainda melhor.”
Em relação à mudança nos juros do rotativo do cartão de crédito, Haddad disse que está trabalhando com o Congresso e que o relator do Desenrola poderá incluir uma emenda sobre o assunto.
Haddad disse que o governo está muito preocupado com a taxa de juros nos Estados Unidos e a desaceleração da sua economia, assim como na China, e que também tem o desafio de aprovar o acordo com a União Europeia. “A Fazenda está fechando as prioridades da pasta no âmbito do G20 para levar ao presidente Lula.”