HADDAD: Crescimento do PIB veio dentro do esperado e investimentos começaram a reagir ao aumento do consumo

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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou hoje (4) mais cedo de uma coletiva de imprensa depois do encontro bilateral com o seu homólogo espanhol, Carlos Cuerpo, em Roma, na Itália, em uma viagem internacional na qual ele participa da conferência “Addressing the Debt Crisis in the Global South”, co-organizada pela Universidade de Columbia e pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais.

Haddad foi perguntado sobre o PIB do primeiro trimestre de 2024 no Brasil, que cresceu 0,8% em relação ao ano anterior. “Nós continuamos mantendo a progressão do PIB para este ano na casa de 2,5%. Mas há um pouco de incerteza, para o futuro, por conta do ocorrido no Rio Grande do Sul, temos uma avaliação a ser feita que está em curso”.

O ministro destacou o crescimento dos investimentos no PIB do primeiro trimestre. “O crescimento econômico do primeiro trimestre veio bastante alinhado com as projeções do Ministério da Fazenda, com destaque por um aumento dos investimentos que começaram a reagir ao aumento do consumo, do poder de compra das famílias e da redução da taxa de juros”.

Haddad comentou sobre o ciclo de cortes nas taxas de juros por parte do Banco Central (BC), que começaram em agosto, e que há uma discussão técnica dentro da instituição sobr a continuidade do ciclo. “É uma discussão que vai ser feita à luz de vários indicadores. Um deles é a inflação, que vem caindo bem antes do ciclo de cortes. Mas há uma preocupação sobre o comportamento do Banco Central europeu e do Banco Central americano”, comentou.

O ministro destacou a queda da inflação entre 2022 e 2023, e que tem bastante confiança técnica no BC brasileiro. “Eu sempre faço questão de frisar esse esforço nacional que foi feito por toda a área econômica para transformar esse desejo em realidade e manter a inflação em queda persistentemente ao longo dos últimos dois anos”.

Ainda sobre o BC, Haddad disse que a instituição monetária brasileira tem apenas meta de inflação. “Ele não tem outra meta, senão nós não poderíamos sonhar com a possibilidade de crescer com baixa inflação. Penso que nós estamos dando demonstrações de que o Brasil pode crescer com baixa inflação de uma maneira sustentável”.

Haddad afirmou que a equipe econômica está trabalhando para manter as finanças públicas saudáveis. “Estamos agindo em todas as frentes para garantir a sustentabilidade das contas e o crescimento com baixa inflação. Temos que entregar o orçamento equilibrado para o Congresso Nacional em agosto. Eu espero que, da entrega do orçamento até o final do ano, nós não tenhamos surpresas com ‘pautas bomba’ ou coisas que vão desequilibrar o orçamento”.

Ainda sobre o PIB, ele disse que o crescimento dos investimentos é bom para a inflação no Brasil. “Haverá uma pressão menor sobre os preços a partir do momento que a oferta de produtos aumenta e você equilibra oferta e demanda de maneira adequada”.

Ele falou sobre a continuidade das negociações da aliança Mercosul-União Europeia, que estão suspensas. “Voltamos a conversar sobre as negociações em torno do acordo do Mercosul e União Europeia, e compreendemos que se trata de um passo extraordinário. É uma aproximação da Europa com a América do Sul”.

Segundo ele, há ‘boa vontade’ em torno deste tema, mas que ainda precisa de ‘um empurrão final’ para que ela seja sacramentada. “Creio que há um amadurecimento das partes. Temos economias complementares e muito a ganhar nesta parceria”.

A tributação sobre os super ricos, um dos temas de discussão da presidência do Brasil no G20, foi tratada na reunião de hoje com o ministro espanhol Cuerpo. “Ele só faz sentido em escala global, senão ele não vai ser eficaz. Eu penso que é uma ideia que veio para ficar”. Ele citou um estudo que indica que cerca de 3 mil pessoas seriam afetadas pela tributação dos super ricos. “São 3 mil pessoas em um total de 8 bilhões no mundo todo”.

Essa taxação vem em um contexto com novos desafios, como as mudanças climáticas e o combate à fome. “Os desafios vão exigir novas fontes de financiamento e me parece que essa é das mais justas, que afeta muito pouca gente, e boa parte dela tem empatia e concorda com essa iniciativa que pode beneficiar bilhões de pessoas”, concluiu.