São Paulo – À medida que vai vencendo a batalha contra a Covid-19, a China vai retomando os eventos e atividades da economia. E a Huawei, empresa tida como um dos pilares para o avanço de soluções e inovação do país na área de tecnologia, realizou nesta semana um encontro global de analistas, sob a égide de trabalhar juntos para construir um “mundo inteligente e totalmente conectado”.
Realizado geralmente em abril, na cidade de Shenzhen, o evento ocorreu no chamado “Vale do Silício da China” cerca de um mês após o originalmente previsto, entre 18 e 20 de maio. Dias antes, o governo norte-americano de Donald Trump havia ampliado por um ano, até 2021, a permanência da Huawei na lista de bloqueio comercial dos Estados Unidos (Entity List).
A empresa chinesa foi adicionada à “lista negra” da Casa Branca em maio de 2019, sob a alegação de preocupações relacionadas à segurança nacional. Com a proibição, a Huawei não pode operar no território dos EUA e fica impedida de fazer negócios, bem como compra e venda de equipamentos, com empresas sediadas no país.
O assunto, como não poderia deixar de ser, dominou a abertura do evento, na última segunda-feira. Segundo o presidente rotativo da Huawei, Guo Ping, ao longo do último ano, várias tecnologias ficaram “indisponíveis” para a empresa. “Lutamos para sobreviver no ano passado e estamos nos esforçando para avançar”, afirmou.
O presidente da empresa chinesa lembra que a decisão do governo Trump afeta não apenas a Huawei, mas prejudica também a confiança e a colaboração de toda a indústria global de semicondutores. “Também afeta os serviços de comunicação para mais de 3 bilhões de pessoas que usam produtos e serviços da Huawei em todo o mundo”, disse.
Além disso, Guo ressalta que a experiência na Indústria de Tecnologia e Informação (TIC) ensinou que mudanças no domínio da conectividade e padrões e cadeias de suprimentos fragmentados não trazem benefícios. “Fragmentação adicional fará a indústria pagar um alto preço. A Huawei está determinada a proteger padrões globais unificados”, observou.
Ou seja, a Huawei se propõe em reafirmar e oferecer o caminho para seguir desenvolvendo a globalização, através da oferta de uma infraestrutura crucial para a transformação dos dados em alta resolução na transmissão de informação. Essa estratégia desenvolve a capacidade de explorar outras tecnologias, em uma estrutura mais preparada, evitando o embate e o efeito em cadeia.
Nesse sentido, à frente de uma emblemática imagem de um avião de guerra cheio de buracos de bala, o presidente da Huawei mostrou confiança em continuar “voando na aeronave” e citou um provérbio chinês. “Quando a resistência é forte, o forte segue firme” (tradução livre), ponderou Guo, encerrando a apresentação.
ERA F5G
Para seguir em frente, a Huawei quer avançar na Era F5G (Rede Fixa de Quinta Geração), que substitui o cabo pela fibra ótica, conectando-se à tecnologia 5G. “Na era F5G, a fibra alcançará todos os ambientes, desktops e máquinas, para criar um novo valor por meio da conectividade onipresente”, afirma o presidente da linha de produtos de transmissão e acesso da Huawei, Richard Jin.
Trata-se, portanto, de redes fixas globais de fibra ótica, de modo a criar um ecossistema saudável em todos os lugares (lares, cidades e empresas). “Isso pode ser realizado através do estabelecimento dos padrões F5G e da organização da indústria, que marca o início de um ecossistema completo de rede fixa”, explica o diretor-executivo da empresa, Wang Tao.
A construção de um padrão unificado para o F5G é fundamental. Para a Huawei, através da integração de um conjunto de padrões que cubra redes de transporte, acesso e instalações será possível melhorar os ganhos de escala da TIC e da economia como um todo, inovando as experiências e aplicações. Ao mesmo tempo, porém, os moldes estariam inseridos no formato de estrutura da empresa chinesa.
Como um dos países com a melhor infraestrutura de banda larga e de fibra ótica do mundo, a China promove a implementação de aplicações de F5G por meio de uma nova infraestrutura digital, formada pela nuvem, 5G e a Inteligência Artificial (AI) para apoiar o desenvolvimento econômico e conduzir a economia em um mundo inteligente. O desafio que se coloca é espalhar esse processo pelo mundo, impondo um padrão de conectividade.
Daí então o interesse da Huawei de proteger modelos globais unificados e construir um sistema colaborativo e integrado no mundo, de modo a permitir a reconstrução da economia global pós-coronavírus. “O progresso desse sistema não deve e não será revertido. Apesar das ações tomadas contra nós, nós nunca nos fecharemos ou ficaremos isolados. Em vez disso, continuaremos adotando a globalização”, afirmou o presidente da empresa.
*A jornalista acompanhou o evento, via online, a convite da empresa.