A Hungria se prepara para ratificar a adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), encerrando atrasos de 18 meses. A votação por parte do parlamento húngaro deverá acontececer hoje (26).
O governo húngaro apresentou os protocolos para aprovar a entrada da Suécia na Otan em 2022, mas a questão está paralisada no parlamento desde então, devido à oposição dos parlamentares do partido no poder. O apoio unânime de todos os membros da Otan é necessário para admitir novos países, e a Hungria é o único dos 31 membros da aliança que não deu seu aval.
O primeiro-ministro Viktor Orbán, um nacionalista de direita que estabeleceu laços próximos com a Rússia, disse que as críticas à democracia da Hungria por políticos suecos azedaram as relações entre os dois países e levaram à relutância entre os parlamentares de seu partido Fidesz.
Mas a votação de segunda-feira é amplamente esperada para aprovar a adesão da Suécia à Otan, removendo o último obstáculo após ela ter feito o pedido de adesão à aliança em maio de 2022.
Hungria e Suécia concordam com acordo de defesa antes da votação final sobre a adesão da Suécia à Otan Ulf Kristersson, primeiro-ministro da Suécia, se reuniu com Orbán na sexta-feira na capital da Hungria, onde pareceram alcançar uma reconciliação decisiva. Após a reunião, anunciaram a conclusão de um acordo da indústria de defesa que incluirá a compra pela Hungria de quatro jatos JAS 39 Gripen feitos na Suécia e a extensão de um contrato de serviço para sua atual frota Gripen.
Orbán disse que os caças adicionais “aumentarão significativamente nossas capacidades militares e fortalecerão ainda mais nosso papel no exterior” e melhorarão a capacidade da Hungria de participar de operações conjuntas da Otan.
“Ser membro da Otan junto com outro país significa que estamos prontos para morrer um pelo outro”, disse Orbán. “Um acordo sobre capacidades de defesa e militares ajuda a reconstruir a confiança entre os dois países.”
A votação de segunda-feira sobre a adesão da Suécia à aliança militar ocidental é apenas um dos assuntos em uma agenda movimentada para os legisladores no parlamento húngaro. Uma votação também está agendada para aceitar a renúncia da presidente Katalin Novák, que renunciou no início deste mês em um escândalo sobre sua decisão de perdoar um homem condenado por encobrir uma série de abusos sexuais infantis.
Depois de aceitar a renúncia de Novák, espera-se que os legisladores confirmem Tamás Sulyok, presidente do Tribunal Constitucional da Hungria, como o novo presidente do país.
Algumas partidos de oposição disseram que não participarão de uma votação para confirmar um novo presidente. Mas Sulyok foi indicado pelo partido Fidesz de Orbán, que tem maioria de dois terços no parlamento e deve aprovar facilmente sua presidência.
Uma assinatura presidencial é necessária para que a candidatura da Suécia à Otan entre em vigor, mas não estava claro quando essa aprovação final ocorreria.
Os aliados da Hungria na Otan e na União Europeia aumentaram a pressão sobre ela nos últimos meses para que desista de sua oposição à adesão da Suécia. No fim de semana passado, um grupo bipartidário de senadores dos Estados Unidos visitou a Hungria e anunciou que apresentaria uma resolução conjunta ao Congresso condenando o suposto retrocesso democrático da Hungria e instando o governo de Orbán a suspender imediatamente seu bloqueio à integração transatlântica da Suécia.