Ibovespa fecha em alta acompanhando exterior e com apoio de Petrobras; dólar cai

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta seguindo o exterior e com a ajuda dos papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4), que tiveram ganhos expressivos na sessão desta quinta-feira.

Mas a sessão de hoje foi bastante volátil. Na primeira metade do pregão, o Ibovespa subiu após a divulgação do PIB e do pedido do seguro-desemprego nos Estados Unidos, depois na segunda parte da sessão caíram e voltaram a subir com os investidores absorvendo os números e com as incertezas sobre a política do banco central norte-americano.

Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram, respectivamente 3,73% e 3,06% acompanhando a valorização do petróleo e têm valuation atrativo.

Mais cedo, a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao 4T22 registrou alta de 2,7% em taxa anualizada, ficando abaixo da expectativa do mercado (+2,9%). Já os pedidos de seguro-desemprego semanal caíram para 192 mil. Amanhã (23), os investidores ficam com as atenções voltadas para o índice de inflação de janeiro (PCE, sigla em inglês).

O principal índice da B3 subiu 0,41%, aos 107.592,87 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,70%, aos 109.260 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, disse que a Bolsa está bastante volátil na sessão de hoje. “Os indicadores norte-americanos não foram bons sob a ótica do mercado e acredito que a lata do final da manhã foi meramente especulativa; nos EUA, a maior preocupação é para a queda da inflação e se esse objetivo for alcançado, haverá espaço para o Fed reduzir a taxa de juros e, com isso, a empresas tendem a operar com melhores margens”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que na parte da manhã quando a Bolsa subiu o mercado “parecia que estava corrigindo o pessimismo dos últimos dias, e agora à tarde voltou indicando que o Fed está certo”.

Komura acrescentou que os indicadores norte-americanos divulgados hoje mostraram “uma economia aquecida e que o mercado de trabalho não parece estar perto de arrefecer, condizente com o cenário do Fed de manutenção de juros altos por um período mais longo e possivelmente mais três altas de 0,25 ponto porcentual (pp)”.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa sobe após o resultado do PIB nos Estados Unidos. “O dado do PIB ajuda a Bolsa pq pode indicar que os juros possam parar antes, todo mundo está tentando pegar a pivotada do Fed. Os juros estão regulando a economia e o que é bom para economia real tem de ser ruim para Bolsa e o contrário também é verdadeiro; se a taxa de juros está funcionando para desaquecer a economia e o PIB mostra sinal desaceleração, a última barreira inflacionária é o PIB de serviços”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos disse que o setor de materiais básicos melhorou e acaba ajudando a Bolsa. Em relação aos papéis dos frigoríficos, que se recuperam na sessão de hoje, após a forte queda da véspera em meio à doença da “vaca louca”, Cima disse que “a Minerva seria a mais afetada e quem tem o papel deve aguardar”. As ações da Minerva (BEEF3) subiram 3,50%. Já a gripe aviária não está fazendo tanto preço, diz o analista.

O dólar comercial fechou em queda de 0,58%, cotado a R$ 5,1380. A moeda refletiu a calmaria doméstica e a melhora do ambiente global, com a divulgação de resultados que apontam para a possibilidade da economia norte-americana não entrar em recessão.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o fluxo estrangeiro, as altas taxas de juros praticadas no Brasil, a discussão sobre a meta de inflação do noticiário e a postura austera do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm contribuído para a valorização do real: “O fundamento está do nosso lado, estamos muito descontados”, opina.

Borsoi também entende que “o mercado chegou onde o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) quer”, e que o pior cenário já foi precificado, a não ser que a instituição mude de postura.

A segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre nos Estados Unidos, apontou alta de 2,7% (ante projeção de +2,9%), enquanto o número de novos pedidos de seguro-desemprego caíram para 192 mil na semana encerrada no dia 18 de fevereiro, abaixo das expectativas de 197 mil.

De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “os dados até que foram bons. A gente ainda trabalha com prêmio em relação a outras moedas”.

Weigt entende que a definição do arcabouço fiscal doméstico é ainda mais importante que a definição dos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e que esta definição inevitavelmente irá iniciar um processo de diminuição nos juros brasileiros.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com percepção no mercado de que o patamar de juros nos EUA já está precificado e o novo arcabouço fiscal em discussão avançada.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,390% de 13,380% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,615%, 12,670%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,700%, de 12,770%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,880% de 12,940% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1350 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, após oscilarem ao longo do dia, à medida que Wall Street segue receosa em meio às incertezas sobre a política de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e como a economia norte-americana vai reagir a este cenário. A alta do S&P encerrou um ciclo de quatro perdas consecutivas para o índice.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,33%, 33.153,91 pontos
Nasdaq 100: +0,72%, 11.590,4 pontos
S&P 500: +0,53%, 4.012,32 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA.