Ibovespa fecha em alta e dólar cai puxado por otimismo externo

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São Paulo – Após a forte queda da véspera, quando o Ibovespa atingiu a marca dos 117 mil pontos, o movimento do pregão de hoje foi positivo. A Bolsa operou todo o dia empurrada principalmente pelos papéis ligados a commodities, enquanto os investidores ficaram à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa de juros do País, que será conhecida após o fechamento do mercado.

O principal índice da B3 fechou com ganho de 1,57%, aos 119.564,44 pontos. O Volume financeiro foi de R$ 30,7 bilhões. As bolsas nos Estados Unidos encerraram os negócios em sentido misto. Nasdaq caiu 0,37%; Dow Jones aumentou 0,29% e S&P 500 avançou 0,11%.

“O desempenho do índice vem sendo impulsionado pela retomada da atividade no exterior e pela alta no setor de commodities-em razão da valorização do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional”, afirmaram os analistas da Ativa Investimentos.

Para Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos, “o mercado estaria de lado, mas com a alta das ações da Gerdau, Metalúrgica Gerdau (holding que controla a Gerdau), Petrobras e Usiminas puxa positivamente o Ibovespa hoje”, afirma.

Na avaliação do especialista e sócio da Valor Investimentos, a Gerdau mostrou no balanço lucro líquido [de R$2,471 bilhões no 1T21, alta de 1016% na comparação com o mesmo período do ano passado, de R$242 milhões]’. As ações da Gerdau (GGBR4) chegaram a subir mais de 7% e fecharam em alta de 5,51% e da Gerdau Metalúrgica (GOAU4) apontaram ganho de 5,46%.

“Com o avanço da vacinação, as pessoas estão se locomovendo mais e isso faz com que o consumo de gasolina e de derivados do petróleo suba”, ressalta Lelis. O comentário faz referência à alta das ações da Petrobras.

Além da Petrobras, as ações da Vale (VALE 3), que subiram 0,55%, também ajudaram na boa performance do índice. Os papeis Petrobras (PETR3 e PETR4) aceleraram 4,09% e 4,10%, respectivamente.

Outro ponto favorável foi “o reajuste no preço do aço no mês de maio em até 18%, informação positiva para a CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5)”, comentaram os analistas da Terra Investimentos. As ações das empresas de siderurgia avançaram 3,21% e 4,47% respectivamente.

Em meio à alta do índice, os investidores aguardam a decisão do Copom- a estimativa é de um aumento de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic. “Se o resultado vier fora do consenso, a Bolsa pode baixar ou subir”, avalia o especialista e sócio da Valor Investimentos.

O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, prestou depoimento durante quase seis horas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, que investiga as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia. Amanhã, o atual chefe da pasta da Saúde, Marcelo Queiroga, será ouvido na CPI. A Comissão deve seguir no foco do mercado.

O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 1,21%, negociado a R$ 5,3640 para venda. O recuo ocorreu graças ao aumento do apetite dos investidores estrangeiros por ativos de maior risco, como de países emergentes. A expectativa pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com previsão de elevação da Selic (taxa básica de juros) também ajudou na desvalorização do dólar frente ao real.

“Quanto mais a Selic subir, mais valorizado vai ficando o real frente ao dólar. Os investidores estão buscando rentabilidades sem grandes riscos e a alta da Selic traz isso para o Brasil, atraindo mais investidores. Mercado prevê uma lata expressiva, de 0,75pp. O mesmo é esperado já para a próxima reunião”, explicou um operador de câmbio.

“Ainda bem que hoje está acompanhando o exterior”, resumiu Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos. De acordo com ele, o bom resultado da produção industrial em março na comparação com o ano anterior, um crescimento de 10,5% em base dessazonalizada, também contribui para o bom desempenho do real.

A repercussão do apetite por risco no mercado de câmbio coloca em segundo plano fatores negativos como o retorno da reforma tributária à estaca zero e os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as responsabilidades sobre a reação do governo à pandemia. Enquanto isso, os investidores fazem os últimos ajustes antes da decisão do Copom em relação aos próximos passos da taxa Selic.

“O mercado se posiciona para um comunicado conservador por parte do BC, sugerindo aumentos adicionais à Selic, que hoje deverá ser majorada em 0,75 ponto porcentual, para 3,50% ao ano”, avalia a equipe da Correparti Corretora de Câmbio.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda acompanhando o recuo do dólar em relação ao real. O movimento foi mais claro nas taxas mais longas, enquanto os vencimentos mais curtos apresentaram leves recuos, com os investidores em compasso de espera pelo resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou estável a 4,795%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,50%, de 6,55% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,95%, de 8,04% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,56%, de 8,66%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, com os investidores deixando de lado as preocupações com um possível aperto monetário nos Estados Unidos e se concentrando nas perspectivas de recuperação econômica. A exceção foi o Nasdaq, que terminou o dia em queda sob o efeito da contínua venda de papéis do setor de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,29%, 34.230,34 pontos

Nasdaq Composto: -0,37%, 13.582,40 pontos

S&P 500: +0,07%, 4.167,59 pontos