São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão em alta de 0,58%, aos 122.515,74 pontos. Ao longo da sessão o índice chegou a subir mais de 2%, mas a preocupação com o aumento no Bolsa Família e a preocupação com que o governo brasileiro estoure o teto de gastos deixou os investidores com um pé atrás.
Para Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, o pregão de hoje é de alta acompanhando exterior. “Lá fora puxa o nosso mercado para cima com resultados corporativos animando a Bolsa e a variante delta amenizando o estresse”, afirmou.
Uma outra fonte de um grande banco que não quis se identificar comentou que “as ações das instituições financeiras e Vale puxam o índice”. Ele acrescentou que “a expectativa do mercado está para os balanços corporativos”.
O analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, avaliou que as cinco principais ações do índice – Itaú, Bradesco, Vale, Vale e B3 – operam e alta e puxam o Ibovespa para cima, mas ressaltou que “o destaque são os bancos, que ajudam na recuperação da queda de sexta-feira com a perspectiva debalanço”. Hoje será divulgado o resultado do Itaú, após o fechamento do
mercado e amanhã é a vez do balanço do Bradesco.
Gonçalves acrescentou que os dados econômicos na Alemanha e Estados Unidos são positivos e “a China deu uma trégua”. Ele se refere à questão da regulação das empresas privadas que foi motivo de baixa das bolsas mundiais nos últimos dias.
Para o Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, os balanços devem ditar o rumo do mercado, com destaque para o Itaú após o fechamento do mercado. Mas ressaltou que o mercado continua preocupado com o teto de gastos e os precatórios. “Como o governo vai solucionar para pagar sem estragar muito o fiscal”.
Os analistas da Ajax Capital estimaram um pregão mais positivo. “Ativos locais devem se recuperar das realizações mais recentes com ambiente externo mais favorável “.
O gestor da Galapagos afirmou que até o dia 28 de julho saíram da Bolsa R$ 7 bilhões de capital estrangeiro. “Isso pode justificar a queda da Bolsa no mês passado”.
O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,84%, cotado a R$ 5,1650 para venda. Os principais fatores que levaram a moeda norte-americana a apresentar esse desempenho foram externos: a queda da aversão ao risco e aumento da atividade industrial nos Estados Unidos. O provável aumento da Selic (taxa básica de juros) em até 1,5% também contribuiu para o clima de euforia.
“Hoje estão sendo corrigidas algumas distorções de sexta, que foi um dia muito estressante no mercado. É um dia de dólar fraco no mundo inteiro, também pela questão dos juros no Estados Unidos”, analisa o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
“Os indicadores de atividade global e a divulgação de balanços corporativos trazem alívio à aversão ao risco. Os mercados acionários registram ganhos e o dólar perde força ante as demais moedas”, afirmou o Bradesco em relatório matinal.
Apesar da queda da moeda norte-americana no início da sessão, “as tensões no cenário político poderão trazer grande volatilidade”, segundo Guilherme Esquelbek, da Correparti.
O Congresso retorna do recesso nesta semana, o que deixa os investidores em alerta a respeito da tramitação de reformas econômicas e em relação à continuidade da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões do governo em relação à pandemia de covid-19.
Além disso, a perspectiva de aumento nas despesas com o Bolsa Família sinalizado na semana passada por autoridades do governo – também podem ajudar a mitigar a queda do dólar. “As questões fiscais, os precatórios para pagar em 2022 e inflação persistente são fatores negativos”, aponta André.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) apagaram a queda observada praticamente desde o início do pregão e passaram a subir na reta final da sessão, fechando em leve alta, em um reflexo da turbulência dos cenários político e fiscal às vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 6,30%, de 6,31% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,845%, de 7,850; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,77%, de 8,70% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,08%, de 9,04%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado norte-americano de ações desistiram dos ganhos do início do dia para encerrar a primeira sessão do mês de agosto em queda, em um movimento atribuído em parte aos sinais de pico do crescimento econômico e à disseminação contínua da variante Delta do coronavírus. A exceção foi o Nasdaq, que terminou o dia perto da estabilidade, mas com leve variação positiva.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,28%, 34.838,16 pontos
Nasdaq Composto: +0,06%, 14.681,10 pontos
S&P 500: -0,18%, 4.387,16 pontos