São Paulo – O reajuste nos planos de saúde anunciado ontem pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) precisa ser revisado porque pode sobrecarregar os consumidores, afirmou o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Na quinta-feira à tarde, a ANS divulgou que a recomposição dos reajustes de planos de saúde suspensos de setembro a dezembro de 2020 poderá ser cobrada em 12 parcelas ao longo do ano que vem pelas operadoras, desde que a informação fique explícita para os consumidores nos boletos.
Segundo o Idec, “a medida não traz nenhum dispositivo para coibir abusos, tampouco evidências de que a recomposição é necessária para a sustentabilidade do mercado de planos de saúde”. O instituto e outros três órgãos encaminharam ofício conjunto à ANS defendendo que a recomposição seja discutida em uma Câmara Técnica Extraordinária e que a agência compartilhe as informações que sustentam a decisão de recompor os ajustes suspensos.
“De acordo com dados da própria ANS repassados ao Idec, as empresas triplicaram seu lucro entre o primeiro e o segundo semestre deste ano, que passou de R$ 3 bilhões para R$ 10 bilhões. Ao mesmo tempo, as famílias veem a renda e o emprego encolhendo em meio à crise econômica e sanitária, que deve perdurar em 2021”, disse o Idec em comunicado.
“A possibilidade de parcelamento não resolve os impactos econômicos da recomposição. Em um momento de crise aguda da renda, em contraposição ao lucro histórico das empresas, há um único adjetivo para a medida: perversa”, acrescentou.