Impacto de rombo de R$ 20 bilhões da Americanas não afetará receita de shoppings, diz BTG Pactual

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São Paulo – O BTG Pactual divulgou um relatório afirmando que o rombo de R$ 20 bilhões anunciado pela Americanas terá um impacto pequeno na receita/EBITDA dos shoppings.

Segundo o levantamento do BTG, a Americanas tem 41 lojas no portfólio da Aliansce A Sonae, que administra 52 shoppings, nove lojas na Iguatemi, que gerencia 16 shoppings, 14 na Multiplan, que administra 20 shoppings, e cinco lojas no portifólio da SYN, que gerencia 6 shoppings.

Uma loja típica de shopping da Americanas tem um Área Bruta Locável.(ABL) de 1000 a 1.500m2. Com isso, o aluguel deve representar apenas 2,3% da ABL da Aliansce Sonae; 1,6% da Iguatemi; 1,9% da Multiplan e 3% do SYN.

“Apesar de estar presente em muitos shoppings, a Americanas representa provavelmente 1% da receita de aluguel, o que significa que não haverá alteração no setor, que continua atraente para o investidor (todas as empresas negociando bem abaixo do NAV e múltiplos de avaliação abaixo níveis históricos)”, explicou o BTG.

ROMBO

O “furo contábil” da companhia ficou cerca de sete anos invisível em seu balanço financeiro, que agora terá que passar por uma auditoria externa para avaliar o tamanho do estrago.

A dívida da varejista estava subestimada em um montante bilionário. O valor da inconsistência superava o valor de mercado da varejista, que caiu de R$ 10,8 bilhões para R$ 2,45 bilhões, só no pregão de ontem (12) – o primeiro após a divulgação do rombo.

Especialistas afirmam que muito provavelmente os R$ 20 bilhões são originários de uma operação conhecida no jargão financeiro como “forfait”, comum em empresas de varejo, e que deveria ter sido registrada como dívida no balanço contábil.

Até que o trabalho contábil seja concluído pela PwC e possa saber o tamanho do impacto para a companhia, o mercado calcula os possíveis contágios da notícia nas demais varejistas listadas, no mercado de crédito e imobiliário, nas demonstrações financeiras de outras companhias que trabalham com margens estreitas, que são propensas a adotar a “manobra” contábil que resultou no rombo da Americanas.

BTG Pactual vê caminho longo para cia ajustar sua estrutura de capital

A Americanas reiterou que não é possível determinar todos os impactos das inconsistências encontradas na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia, de R$ 20 bilhões.

A empresa divulgou novo fato relevante na tarde de ontem, após a teleconferência fechada a investidores e analistas realizada pela manhã pelo BTG Pactual, em que reforçou a informação divulgada pelo ex-CEO Sergio Rial durante a reunião, de que “somente com a conclusão de trabalhos de apuração e dos trabalhos a serem realizados pelos auditores independentes será possível determinar adequadamente todos os impactos que tais inconsistências terão nas demonstrações financeiras da companhia”.

Para o BTG Pactual, os R$ 20 bilhões em inconsistências estimadas são preliminares e, como as práticas contábeis aparentemente são comuns há muitos anos, é possível que leve algum tempo até que o comitê independente e os auditores externos cheguem a um número final que reflita com precisão o balanço e a posição de alavancagem da Americanas.

A corretora disse que não descarta a necessidade de injeção de capital ou alguma outra fonte de financiamento adicional nos próximos trimestres, dependendo da evolução da liquidez e das posições de capital após o anúncio desta semana.

“A falta de clareza quanto à velocidade com que poderia retomar o curso normal do negócio deve tornar difícil para os investidores considerar capturar os níveis mínimos da ação em um futuro previsível. Esperamos que a situação permaneça fluida nas próximas semanas e meses, à medida que a administração e os consultores tentam estabilizar o financiamento da empresa e buscam meios para ajustar a estrutura de capital. Estamos, portanto, alterando nossa classificação e preço-alvo da ação para “em revisão” por enquanto, enquanto aguardamos novos desenvolvimentos que possam melhorar nossa capacidade de avaliar o negócio”, concluiu o BTG.