São Paulo – A produção industrial brasileira interrompeu dois meses seguidos de queda e subiu 7,0% em maio em relação a abril, recuperando apenas uma parte das perdas de 26,3% acumuladas nos dois meses anteriores, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima da previsão de alta de 6,60%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
Já na comparação anual, a produção industrial brasileira recuou 21,9%, no sétimo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e na segunda queda mais elevada desde o início da série histórica, atrás apenas de abril. Ainda assim, a queda ficou praticamente em linha com a mediana das expectativas, de -21,8%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula perdas de 11,2% no ano e queda de 5,4% nos últimos 12 meses, até maio.
O gerente da pesquisa, André Macedo, lembra que a partir do último terço de março, várias plantas industriais foram fechadas, sendo que, em abril, algumas ficaram o mês inteiro praticamente sem produção, culminando no pior resultado da indústria na série histórica da pesquisa. “O mês de maio já demonstra algum tipo de volta à produção, mas a expansão de 7,0%, apesar de ter sido a mais elevada desde junho de 2018 (12,9%), se deve, principalmente, a uma base de comparação muito baixa”, observa.
Ele lembra que, mesmo com o desempenho mensal positivo, o total da indústria ainda se encontra 34,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011. A abertura do dado mensal mostra que todas as quatro categorias econômicas e 20 das 26 atividades pesquisadas registraram alta. Entre elas, a que influência mais positiva foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias (+244,4%). Por outro lado, houve recuo na produção de indústrias extrativas (-5,6%) e celulose, papel e produtos de papel (-6,4%).
Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a abril, bens de consumo duráveis saltaram 92,5% e bens de capital disparou 28,7%, ambos interrompendo dois meses seguidos de queda na produção. Já os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (+8,4%) e de bens intermediários (+5,2%) tiveram altas mais moderadas.
Já no confronto com igual mês do ano anterior, o setor industrial registrou resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas e em 22 dos 26 ramos pesquisados. O IBGE observa que, além do efeito-calendário negativo, já que maio de 2020 (20 dias) teve dois dias úteis a menos que igual mês do ano anterior (21), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção por causa da influência dos efeitos do isolamento social.
Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-74,5%) exerceu a maior influência negativa. Na outra ponta, destaque para a alta em produtos alimentícios (+2,9%). Dentre as quatro grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-69,7%) e bens de capital (-39,4%) assinalaram os recuos mais acentuados, mas os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (-19,3%) e de bens intermediários (-14,6%) também mostraram taxas negativas.