Inflação e juros aqui e nos Estados Unidos pautam a Bolsa em 2023

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São Paulo – A volatilidade foi um trigger que rondou a bolsa de valores esse ano em meio às incertezas domésticas e externas. Mas, 2024 promete ser de tendência de alta.

“O ano de 2023 ficou marcado por intensa volatilidade na bolsa de valores, muitos altos e baixos e rotações setoriais. O Ibovespa chegou a cair mais de 11% e tocou a região de 96 mil pontos. Em contrapartida, começou dezembro renovando as máximas do ano e chegou a atingir os 134 mil pontos”, afirmou Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos. Até o dia 22, a Bolsa subia 21%.

Os pontos primordiais que pautaram o ano foram os juros e inflação no Brasil e Estados Unidos, além da economia chinesa, com a crise no setor imobiliário. A questão fiscal interna também foi importante.

“O primeiro trimestre do ano foi marcado por preocupações com relação a persistência da inflação elevada nos Estados Unidos e pelo debate em torno de uma política monetária mais restritiva por mais tempo, visto que a economia americana ainda mostrava resiliência e a inflação demorava a baixar. O mercado local ainda sentiu os ruídos fiscais, queda das commodities, e o efeito Americanas, após a companhia relatar um rombo histórico e inconsistências no balanço, que acabou gerando preocupações em todo o setor varejista, em um momento em que a Selic ainda permanecia em patamar elevado e o Copom ainda não sinalizava início do ciclo de cortes. Tivemos também a divulgação de dados ruins para a economia da China, que geraram preocupação com relação ao desempenho da economia do país asiático”.

Já no segundo trimestre o mercado depositou confiança no possível início do ciclo de cortes da taxa Selic pelo Copom e, internamente, havia sinais políticos construtivos, com avanços no arcabouço fiscal no Senado e a apresentação da reforma tributária na Câmara.

“Esses acontecimentos ocorreram em um período em que a desaceleração da inflação nos Estados Unidos se intensificou e a instabilidade no setor bancário externo se dissipou, após a crise nos bancos médios e pequenos dos Estados Unidos. Em contrapartida, ainda havia preocupações com relação ao crescimento da economia chinesa, apesar das inúmeras expectativas por estímulos”.

O terceiro trimestre foi marcado mais por mudança se comparada ao trimestre anterior. No mês de julho ainda foi observado um ambiente mais favorável, mas agosto deu início a uma fase mais difícil que se estendeu até outubro. Foi uma sequência de 13 pregões consecutivos de queda, com apenas cinco dias positivos em um total de 23 pregões.

“A derrocada no mercado acionário teve início com o rebaixamento do rating dos Estados Unidos, provocando um aumento nos juros globais. A taxa de 10 anos dos Estados Unidos atingiu novos picos em 2023, buscando patamares não vistos desde a crise global de 2007. Esse movimento, aliado a resultados corporativos mistos e a um cenário de estagnação na China, contribuiu para a queda nas bolsas. No cenário doméstico, apesar do início do ciclo de cortes pelo Copom, o Ibovespa registrou uma significativa queda, influenciado também pelas incertezas em relação à situação fiscal no Brasil”.

A melhora da Bolsa se deu a partir de novembro, mês marcado por forte entrada de capital estrangeiro que segue em dezembro. Segundo a analista da Nova Futura Investimentos, a perspectiva do término do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, reforçada pelos dados econômicos e pela queda nos preços do petróleo, contribuíram para o desempenho positivo das bolsas globais.

O ano de 2023 foi tão difícil quanto o de 2022, “mas esse está tendo um desfecho melhor com esse rali [principalmente com o mercado entendendo que acabou o ciclo de alta nos Estados Unidos e a possibilidade de começar a cortar juros]. É uma recuperação geral da bolsa, um término mais feliz para os investidores que 2022”.

A bolsa tem rompido topo histórico e esse movimento positivo deve se estender para 2024. “Teve uma correção pequena, mas não vejo reversão. Como o cenário é favorável com fim do ciclo de alta de juros lá fora e com o mercado apostando que o Copom pode acelerar o ciclo de corte, a tendência é do Ibovespa pra cima”, ressaltou.

A analista da Nova Futura está otimista com o cenário de bolsa para o ano que vem se o cenário se concretizar e o Fed começar a cortar juros no primeiro semestre de 2024 e a questão fiscal não atrapalhar, “podemos ter um primeiro semestre mais tranquilo para o Ibovespa. A gente vê que sempre hora de Bolsa para conseguir aproveitar o momento, por isso é importante ter um portfólio. Quem comprou meses atrás está com o bolso cheio”.