Inflação está caindo mas cortes de juros não estão em “piloto automático”, diz Nagel do BCE

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São Paulo – Joachim Nagel, dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), afirmou que a inflação na zona do euro está em declínio e deve alcançar a meta de 2% até o final de 2025. Em entrevista ao jornal alemão Tagesspiegel, Nagel destacou que esta previsão foi crucial para o corte de juros realizado em junho, mas alertou que futuras reduções não são garantidas.

“Não estamos no piloto automático quando se trata de cortes nas taxas de juros. Nossas decisões serão dependentes de dados e isso significa reavaliar nossa posição a cada reunião”, explicou.

A entrevista, que foi publicada na íntegra no site do Bundesbank, foi realizada na semana passada e reproduzida hoje. Nagel ressaltou que, apesar de uma política monetária rigorosa com dez aumentos consecutivos de juros entre julho de 2022 e setembro de 2023, a decisão de cortar as taxas em junho foi unânime entre quase todos os membros do Conselho do Governador do BCE.

Quando questionado sobre a possibilidade de um novo corte de juros na reunião desta quinta-feira (18), Nagel reiterou a postura cautelosa da instituição. “A inflação básica, que exclui os preços altamente voláteis de energia e alimentos, ainda está em um nível relativamente alto de 2,9% na área do euro. Portanto, continuamos cautelosos e baseamos nossas decisões nos dados disponíveis a cada reunião”, afirmou.

Nagel também abordou as mudanças políticas na Europa, com muitos governos da zona do euro sendo liderados por populistas de direita. Ele destacou a importância da cooperação europeia para enfrentar desafios comuns. “Minha tarefa é ajudar a moldar a política monetária para a área do euro. Acredito firmemente que a melhor maneira de resolver muitos dos principais desafios que enfrentamos na Europa é juntos. Precisamos de mais Europa, não menos. Isolacionismo não é a resposta”, disse.

Sobre a situação econômica da Alemanha, Nagel reconheceu as dificuldades enfrentadas pelo país, como a estagnação da produção econômica no ano passado e os desafios da transformação digital e da transição para a neutralidade climática. No entanto, ele manteve uma visão otimista, afirmando que a economia alemã está lentamente recuperando o ímpeto e que há potencial para uma recuperação significativa se houver um esforço concentrado para resolver os problemas estruturais. “A Alemanha pode se tornar uma verdadeira história de reviravolta, uma história de sucesso, se um esforço concentrado for feito para abordar e resolver problemas estruturais”, concluiu.