Inflação supera previsão e deve puxar salário mínimo para cima

773

São Paulo – O salário mínimo de 2021, fixado provisoriamente em R$ 1.100 mensais, terá de ser reajustado a R$ 1.101,95 para descontar o efeito da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2020. O governo estima que cada R$ 1,00 de aumento no salário mínimo gere elevação de despesas de R$ 351,1 milhões na esfera federal.

No final de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória (MP 1.021) prevendo aumento de 5,26% no salário mínimo deste ano em relação ao valor do ano passado (R$ 1.045).

O governo federal afirmou à época que a correção havia sido feita com base numa estimativa da variação do INPC em 2020. O Ministério da Economia disse que o novo valor do salário mínimo poderia ser alterado para “assegurar a preservação do poder de compra”.

Hoje cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação medida pelo INPC em 2020 foi de 5,45% – ou 0,19 ponto porcentual maior que a prevista pelo governo federal.

No ano passado o salário mínimo também foi ajustado mais de uma vez. Primeiro foi definido um valor mensal de R$ 1.039 e, após a divulgação do INPC, que ficou acima do inicialmente projetado, o valor foi elevado a R$ 1.045.

Mesmo que suba para perto de R$ 1.102, o salário mínimo seguiria abaixo do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) considera como ideal para os trabalhadores – R$ 5.304,90, segundo a estimativa mais recente, referente a dezembro.

O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças, e considera o valor necessário para suprir as despesas com alimentação, habitação, vestuário, transporte, entre outros.

O salário ideal no cálculo do Dieese está quase cinco vezes maior que valor atual do salário mínimo, algo que foi observado pela última vez em 2006 se considerados apenas os meses de janeiro, quando geralmente ocorre o reajuste. A pior marca foi em janeiro de 1995, quando o salário ideal chegou a ser mais de 10 vezes maior que o mínimo em vigor à época.