Instituições antecipam aposta de alta da Selic após ata do Copom

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São Paulo – Algumas das instituições financeiras que estavam descartando um aumento da taxa básica de juros (Selic) em março passaram a prever a alta da taxa naquele mês, depois de a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sugerir que o grupo está inclinado a começar um processo de redução do estímulo oferecido à economia.

“A ata do Copom elimina possíveis dúvidas sobre o senso de urgência das autoridades”, disse o Itaú Unibanco, que na semana passada esperava um aumento da Selic a partir de maio, e agora prevê uma elevação de 0,25 ponto porcentual (pp) a partir de março, com a taxa terminando o ano em 3,50%, ante os 2,00% atuais.

“Ela mostra que as autoridades consideraram um aumento de juros na reunião, e praticamente se comprometem com uma elevação em março. Isso se deve ao comportamento da inflação desde maio de 2020, quando decidiram que a conjuntura prescrevia ‘estímulo monetário extraordinariamente elevado’, e à contínua piora no balanço de riscos, principalmente relacionada ao cenário fiscal desafiador”, disse o banco.

O Bank of America (BofA), instituição que até a semana passada esperava um aumento da Selic para meados deste ano, revisou a projeção e agora espera uma elevação de 0,50 pp em março, prevendo que a taxa terminará 2021 em 4,00% – de 3,25% na estimativa passada.

“As taxas reais estão em território negativo e a inflação continua sob pressão, apontando para altas mais cedo. Na ata, o Banco Central se concedeu todos os graus possíveis de liberdade em termos da próxima decisão sobre os juros, incluindo a possibilidade de um aumento em março”, disse o banco.

O aumento das apostas de um aumento da Selic em março também está crescendo e ganhou força desde a semana passada, quando foi anunciada a decisão do Copom e o grupo resolveu remover do comunicado o trecho em que se comprometia a manter a Selic em no máximo 2% ao ano.

No início de janeiro, as negociações com contratos de opções do Copom negociados na B3 apontavam que o mercado precificava 80% de probabilidade de manutenção da Selic em março, com os outros 20% relacionados a apostas de aumento da taxa.

A chance de alta caiu a 64% no dia do anúncio da decisão do Copom e para 48% no dia seguinte, ao mesmo tempo em que as apostas de aumento de 0,25 pp chegaram a 23%, e as apostas em alta de 0,50 pp chegaram a 20%. Hoje, o mercado precifica apenas 34% de chance de manutenção da Selic em março, e 39% de chances de uma elevação de 0,50 pp.