São Paulo – O Ibovespa encerrou o pregão em leve queda de 0,44%, aos 97.483,31 pontos, com investidores preferindo adotar posições mais defensivas antes do final de semana prolongado, com feriado na segunda-feira, e embolsando lucros depois da forte alta de ontem. Papéis ligados a commodities, como os da Petrobras e de frigoríficos pesaram negativamente e lideraram as perdas do índice.
No entanto, na semana, o Ibovespa avançou 3,69%, interrompendo uma sequência de cinco semanas seguidas de perdas.
Para o sócio da DNAinvest, Leonardo Ramos, depois da alta de ontem 2,50% do Ibovespa, investidores preferiram realizar lucros, além de “tirar o pé do acelerador antes do feriado”, já que na segunda-feira a B3 estará fechada enquanto outras Bolsas estarão abertas e permanecem incertezas sobre o cenário fiscal doméstico.
Entre as ações, as ligadas a commodities, como as da Petrobras (PETR3 -3,15%; PETR4 -2,88%) pesaram negativamente em dia de perdas dos preços do petróleo e após alta de ontem. Hoje, a Justiça também determinou a continuidade de arbitragem instaurada pela Fundação Petrobras de Seguridade Pessoal (Petros) e pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) contra a estatal. O processo dos fundos de pensão se refere à indenização a investidores por má conduta no âmbito da operação Lava Jato.
Ao lado da Petrobras, entre as maiores perdas do Ibovespa, ficaram as ações do IRB Brasil (IRBR3 -7,10%), e de frigoríficos, como JBS (JBSS3 -3,87%) e Marfrig (MRFG3 -3,33%), que refletiram a queda do dólar ante o real, por serem exportadoras.
Na contramão, as maiores altas do índice foram da MRV (MRVE3 9,16%), do Magazine Luiza (MGLU3 7,28%) e da Cyrela (CYRE3 4,26%). A MRV divulgou dados operacionais do terceiro trimestre de 2020, que foram considerados fortes por analistas do Credit Suisse e do BTG Pactual.
No exterior, as Bolsas norte-americanas fecharam em alta refletindo a sinalização de que democratas e republicanos vão voltar a negociar um pacote de estímulos mais amplo, e tiveram a melhora semana de meados de julho.
Já no Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltaram a se aproximar e convergir em torno do compromisso com o teto de gastos, após incertezas ao longo da semana e a confirmação de que o programa social Renda Cidadã só será apresentado depois das eleições municipais.
Na semana que vem, investidores devem continuar atentos à cena política e sobre como o governo irá encaminhar o orçamento de 2021 e a questão fiscal. A semana também será de indicadores de inflação nos Estados Unidos, China e Europa, além de encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, com a presença de diversas autoridades financeiras.
O dólar comercial fechou em queda de 1,10% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5270 para venda, em sessão de bom humor aqui e no exterior com a moeda exibindo poucas oscilações na segunda parte dos negócios em meio ao volume de negócios reduzido à véspera do feriado prolongado. A expectativa de que o pacote de estímulo fiscal seja anunciado antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, em 3 de novembro, sustentou o otimismo do mercado global.
O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, destaca o ambiente de forte apetite por risco no exterior “amparado” pela retomada da “crença” dos investidores em relação à aprovação do pacote de estímulos norte-americano. “Sobretudo, após a notícia de que o secretário de Tesouro do país pretende apresentar ao Congresso uma proposta de US$ 1,8 trilhão, acima da anterior, de US$ 1,6 trilhão”, comenta.
No início da tarde, uma notícia da agência de notícias Dow Jones fez a moeda renovar mínimas sucessivas com a informação de que o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, deve discutir a nova proposta com a democrata e presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, ainda hoje.
“Além disso, a pacificação do cenário político doméstico durante a semana, serviu de estímulo para o investidor local realizar lucros ou desmontar as posições em dólar”, acrescenta o analista da corretora.
Com isso, na semana, a moeda recuou 2,40% e interrompeu uma sequência de quatro altas semanais. Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, a sessão foi de alívio após uma semana “nervosa” para o dólar, com a percepção de risco Brasil subindo, em meio ao vai e vem das notícias sobre o programa Renda Cidadã e o pacote de estímulo fiscal norte-americano.
Na próxima semana, encurtada pelo feriado local na segunda-feira, o destaque na agenda de indicadores fica para os dados de inflação, vendas no comércio e da atividade industrial norte-americana em setembro, enquanto na China, tem os dados de inflação.
Para Silveira, da Nova Futura Investimentos, a tendência é que seja mais uma semana de volatilidade elevada, visto que as eleições dos Estados Unidos se aproximam e há incertezas em torno das negociações do pacote de estímulo fiscal no país. Aqui, apesar da apresentação da proposta do programa Renda Cidadã ter sido adiado para após as eleições municipais no mês que vem, investidores seguirão atentos aos desdobramentos entre legislativo e executivo na condução de agenda de reformas.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram sem uma direção única, com o feriado na próxima segunda-feira contribuindo para deixar os negócios indefinidos desde a abertura do pregão. Os vencimentos mais curtos foram pressionados pelos índices de preços divulgados hoje, calibrando as expectativas sobre o rumo da Selic, ao passo que os vértices mais longos ficaram divididos entre as perdas do dólar e os riscos fiscais.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,23%, de 3,19% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,67%, de 4,56% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,55%, de 6,56%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,53%, de 7,54%, na mesma comparação.
A Casa Branca manteve viva a esperança de uma rodada extra de ajuda ao novo coronavírus e ajudou os índices do mercado de ações norte-americano a terminaram o dia em alta e consolidarem os maiores ganhos semanais desde julho.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,57%, 28.586,90 pontos
Nasdaq Composto: +1,39%, 11.579,94 pontos
S&P 500: +0,87%, 3.477,14 pontos