São Paulo, 22 de julho de 2022 – O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o mês de junho em queda de 11,5% – a pior performance no acumulado mensal desde março de 2020, quando teve início a pandemia da covid-19. O índice acumula queda de 0,26% até o dia 21 de julho e baixa de 6,23% no ano. O movimento de baixa precifica uma série de projeções desfavoráveis, que incluem a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa para conter a inflação, risco de recessão, continuidade do conflito na Ucrânia e expectativa de menor crescimento da China por conta de sua política de combate à Covid-19. E as eleições no Brasil, em outubro, adicionam volatilidade à Bolsa brasileira até sua conclusão no fim do ano.
Apesar do cenário adverso para os investimentos em renda variável, especialistas apontam que o momento oferece boas oportunidades a longo prazo para quem pode investir em ativos de risco, e indicam as melhores opções para quem, literalmente, têm apetite ao risco. Os especialistas também recomendam ficar de olho nos resultados e nas projeções das empresas na temporada de balanços do segundo trimestre que acaba de começar, e servirá de termômetro para acompanhar como as companhias estão se comportando diante das perspectivas para o segundo semestre.
A avaliação geral é que diversas empresas brasileiras oferecem bons fundamentos e que estão excessivamente “descontadas” de seu valor de mercado e devem se valorizar quando a economia melhorar.
Dinâmica da renda variável
Os analistas afirmam que, historicamente, as oportunidades são abundantes em cenários difíceis, basta conseguir visualizar as ações certas para se posicionar. A pandemia de covid-19, a crise imobiliária de 2008, a bolha das “ponto.com” nos anos 2000 são alguns exemplos em que foram registradas quedas expressivas na Bolsa seguidas de recuperação, garantem. E que nesses períodos mais conturbados, grandes investidores ampliaram suas fortunas.
“Ao longo da história sempre tivemos momentos de crise em que houve uma alta ‘destruição de valor’ das empresas listadas. A constante é que, as empresas mais resilientes, com capacidade de crescimento sempre se recuperam”, comenta Maurício Machado, head de renda variável da Speed Invest.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, reforça que os períodos de correção são comuns no mercado. “A queda atual do pico do Ibovespa é de aproximadamente 27%, a desvalorização do início da pandemia – em 2020 – foi de 48% e de 2010 a 2016, com o declínio das commodities e a crise política interna, o principal índice brasileiro caiu cerca de 50%. São eventos não muito distantes para exemplificar que a bolsa tende a se valorizar no longo prazo, mas terão momentos de maiores turbulências. O Ibovespa, do começo de 2016 até o presente momento, conta com uma valorização de 160%, mesmo com essa recente perda”, argumenta.
Para Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, um dos maiores bancos de investimento da América Latina, quem investe em ações deve ver a volatilidade como algo que pode acontecer. “Pode ter ciclos em que a Bolsa sobe e cai. A inflação está no maior nível nos últimos anos, mas são coisas que fazem parte da dinâmica de renda variável”, argumenta.
De acordo com o especialista, em geral, o investimento em ações tem um prazo de pelo menos cinco anos para começar a dar resultados. “Quem pode ficar [no mercado de renda variável] é que tem esse entendimento do mercado e pode “carregar” [manter a alocação] por mais tempo”, acrescenta.
Essa visão também é compartilhada por Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos. “O momento é para quem entende que as oscilações de patrimônio são de curto prazo e vão se resolver no médio e longo prazo. Há instrumentos que permitem comprar Bolsa com o capital protegido, por exemplo. O momento atual exige estômago e bastante apetite para risco. E esse momento que ninguém quer ações é, na verdade, é onde as oportunidades aparecem”, afirma.
Maurício Machado, head de renda variável da Speed Invest, vê a alocação em renda variável como “um projeto de longo prazo e um recurso de risco, o qual o investidor não terá necessidade de utilização”.
Nicolas Farto, head de renda variável da Renova Invest, compartilha da mesma opinião. “É aquele investidor que está se preparando para uma aposentadoria em um período daqui a 10 ou 15 anos e tolera correr riscos”.
Para Vitor Carettoni, diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos, quem tinha que sair, já saiu. “Boa parte do capital especulativo já saiu. Quem está hoje é o investidor profissional”, diz ele, citando que a participação do investidor de varejo, que já chegou a 20,8% em julho de 2021, caiu de 16,8% em fevereiro para 13,7% em junho, assim como o fluxo de fundos de ações, que já soma R$ 30 bilhões em resgates tomados entre janeiro e março deste ano.
Segundo o especialista, momentos como o atual em que o mercado está em baixa, são chamados de “janelas de desconto”, e são bons para quem pode entrar ou quer aumentar posições. “Janelas como essa, assim como a que teve em 2020, são bons momentos para comprar ações. O que acontece é que muitos investidores vêm para a Bolsa por falta de conhecimento. Para quem entende, está um prato cheio”, avalia Carettoni.
João Beck, economista e sócio da BRA, vai na mesma linha. “Comprar bolsa em momentos de excesso de otimismo é pagar caro por um futuro incerto. As melhores e mais ganhadoras compras de bolsa aconteceram em períodos de pessimismo como por exemplo em 2002 na entrada do presidente Lula, em 2008 no auge do estouro da bolha imobiliária e em meados de 2020 quando a pandemia assolava o mundo”, comenta.
Estratégias
Para evitar maiores prejuízos e sair comprando tudo o que vê pela frente, os especialistas recomendam algumas estratégias. A principal e mais conhecida é avaliar o perfil do investidor e buscar orientação com especialistas de mercado de instituições reconhecidas, selecionar bem os ativos e montar as posições aos poucos. “Se você analisar um gráfico do S&P por exemplo, você pode ver que sempre tem janelas de oportunidade para alocar. É importante não tentar adivinhar o fim da janela. O investidor tem que ter as empresas que ele gosta sempre na mão e nos momentos propícios fazer a alocação. É assim que os grandes fundos investem”, garante Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual. “O investidor geralmente faz o contrário, vem pelo momento e pega as teses caras, quando a bolsa está a 130 mil pontos e faz um investimento maior”, comenta.
Ele também defende que a volatilidade da bolsa tem que ser compensada na própria Bolsa. “Se o cliente migra para a renda fixa, ele pode demorar cinco anos para recuperar a perda. Mas, é compreensível que, para o cliente, é difícil ver a ação derretendo, mas o preço de tela, muitas vezes, é só uma questão de momento”, argumenta o chefe do BTG.
Gonçalvez, da Box Asset Management, avalia que, após definir o perfil, diversificar e fazer a reserva de emergência, o ideal é começar em renda variável aos poucos para entender a dinâmica do mercado, com uma carteira de ações diversificada em diferentes setores e geografias para redução do risco total. Ao entender que o mercado opera de forma cíclica, com momentos de contração e de maior pânico, e outros de expansão e maior euforia, o investidor poderá fazer boas alocações e preservar e rentabilizar o seu patrimônio no longo prazo. “O pico de oportunidades está justamente nas maiores quedas do mercado, quando a expectativa de retorno aumenta. O perfil de risco deve estar adequado para garantir o controle emocional nesses momentos.”
Na hora de investir pensando em ganhos de longo prazo, acompanhar a gestão da empresa é fundamental. “Investir em uma ação nada mais é que se tornar sócio de uma empresa. No final do dia, por mais que digam que o lucro não importa, mas sim, o crescimento, no longo prazo, o lucro importa muito. Se você está procurando empresas que geram caixa, geram margem ebitda, tem baixo endividamento, isso que vai definir se ela vai construir riqueza ou não. Então é importante avaliar quais empresas têm baixo endividamento, bom market share, boa geração de caixa e margem ebitda. São bons indicadores”, avalia Zanlorenzi.
O analista também ressalta que é muito difícil acertar o curto prazo quando o mercado está negativo e, para quem quer começar a investir, fazer de forma gradual, escolher empresas grandes, sólidas – as chamadas “blue chips”, no jargão do mercado – e com baixa alavancagem. “Ter mais curadoria e atenção e ir aos poucos ao longo dos meses.”
Entre as boas opções para aportar em renda variável, Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos recomenda avaliar se o investidor tem estômago para perder 50% mais e se não tiver, reduzir. “Mas se tiver capacidade de aportar, ele vai fazer aquisições de ativos baratos, aqui e no exterior. Para quem já tem alocações, continuar aportando, comprar empresas que estão abaixo do seu valor patrimonial, ações que têm crescimento e o mercado precisa vender em função de saques de fundos – é possível ver as principais posições dos fundos que estão tomando saque”, indica. Já para os investidores mais cautelosos, Costa recomenda as operações estruturadas.de proteção do capital protegido.
Alguns analistas também recomendam proteger a carteira via posições vendidas em índices e por meio de opções para diminuir a volatilidade.
Quais as melhores oportunidades na Bolsa brasileira?
Se há consenso de que o momento é adverso, também é unânime a visão de que há muitos ativos com preço abaixo do seu valor de mercado, com companhias que apresentam bons fundamentos e preços muito abaixo dos seus pares internacionais. “O indicador preço sobre lucro (P/L) das ações listadas na B3 está 30% abaixo da média histórica. O investidor que comprou ações na época do impeachment (2016) comprou com o mesmo nível que está agora. O preço das ações já estão esses riscos”, afirma o diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos.
Sidney Lima, analista de investimentos especialista em renda variável da Top Gain, afirma que há empresas com múltiplos significativamente baixos, o que faz com que seja um excelente momento para investir em ações dentro da Bolsa brasileira. “No cenário atual da Bolsa, consta uma série de possibilidades e de incertezas que podem impactar negativamente a bolsa brasileira e o mercado internacional, por conta das questões do mercado global. É preciso considerar os fundamentos das empresas, investir em empresas com lucros recorrentes e olhar a relação preço sobre lucro – quanto menor o P/L, maior a possibilidade de valorização. Quando a empresa é lucrativa, há perspectiva de valorização de suas ações”, explica Lima.
Entre os setores, ele aponta setores de commodities, energia, construção civil e shopping centers como os mais descontados. “A grande questão é saber como será o futuro, se terá mais ou menos inflação no Brasil, então, na hora da dificuldade, é importante observar se a empresa vai sobreviver em qualquer cenário. Setores resilientes como bancos passam por eventos adversos com mais facilidade e empresas que geram bastante caixa são boas indicações para olhar no momento”, indica o sócio da Fatorial.
A Guide Investimentos avalia que a performance do mercado de ações brasileiro nos últimos 30 dias mostra que está começando a precificar o fim do ciclo das commodities e, consequentemente, o fim da inflação alta e o fim do ciclo de aumento de juros. Em relatório recente, a corretora aponta que as empresas de commodities estão entre as maiores quedas nos últimos 30 dias, enquanto as consumidoras de commodities estão entre as maiores altas, assim como empresas que se beneficiarão de uma queda nos juros, como construtoras e empresas de crescimento e cita Cyrela, Lojas Renner, Americanas, BRF, AmBev, Weg e Totvs”, em relatório.
A análise aponta que no período ocorreu uma inversão do movimento dos últimos 12 meses, com as consumidoras de commodities entre as maiores altas, assim como empresas mais sensíveis à variação na taxa de juros, como construtoras. As produtoras de commodities como Vale, Gerdau, SLC Agrícola, estão entre as maiores baixas. Segundo a corretora, este movimento de rotação reflete a expectativa de desaceleração econômica global, que derruba o preço das commodities e impulsiona a redução da inflação e dos juros. “Com o fim do ciclo de alta das commodities, é mais provável que as melhores performances passem dos produtores para consumidores de commodities como AmBev, BRF e empresas menores como M Dias Branco e Camil. Neste grupo, vemos AmBev e BRF com boas perspectivas para os próximos trimestres e valuation ainda descontado”, argumentam os analistas da Guide.
Em entrevista à CMA, o chefe de análises da Guide, Fernando Siqueira, disse que o ponto de partida da tese piorou, com a demanda por commodities sendo desfavorecida por questões relacionadas ao mercado imobiliário da China. “O mundo está desacelerando, então estamos numa fase ruim para commodities. Esse é o ponto principal da nossa análise. E, se as commodities começam a cair, a inflação também começa a cair e depois disso, vêm os juros caindo. Ou pelo menos param de subir, o que abre a possibilidade para voltar a olhar para as empresas que sofreram com o aumento de juros, que é o outro pedaço da tese que reforçamos recentemente”, explica.
Por isso, Siqueira avalia que nos próximos seis a doze meses as commodities terão a pior performance e que, por outro lado, as consumidoras de commodities e empresas que sofreram com o aumento de juros, como as de crescimento e as mais cíclicas, que é o caso de vestuário, podem ser beneficiadas pelo atual cenário. “O ideal é, quem tem ações de commodities, reduzir posição e quem não tem, esperar um momento melhor para comprar. E nos outros grupos, é o contrário, é hora de começar a fazer posição, é isso que estamos recomendando”, conclui Siqueira.
Já Nicolas Farto, head de renda variável da Renova Invest, avalia que a principal representante de commodities da Bolsa brasileira, a mineradora Vale, está muito descontada, pois gera caixa e é muito consolidada e continua sendo “interessantíssima”. “O minério de ferro é uma commodity importante para a área de construção e todas as economias, principalmente a da China”, avalia.
Na visão de Farto, as ações do Banco do Brasil e de empresas de petróleo também estão muito abaixo do que valem. “O BB tem mostrado uma qualidade de governança, apesar de não ser seu ponto forte e tem sido resiliente nesse sentido. E em todos os outros aspectos ela é superior quando comparada a seus pares; o desconto é atribuído ao risco estatal”.
Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset, vê uma demanda aquecida para ações relacionadas a commodities de alimentos, varejo com foco em baixa renda, shoppings e energia elétrica, que estão entre as maiores pagadoras de dividendos. “Esses segmentos tendem a registrar bons resultados e distribuição de dividendos no período”, afirma.
Sobre a influência da alta do dólar no desempenho das empresas, Galdi aponta que as empresas com maior exposição em dívidas em moeda estrangeira, ou que tenham boa parcela de custos dolarizados devem ser as mais afetadas. “Nossa bolsa apresenta um bom número de empresas que atuam como exportadoras de commodities, o que acaba sendo benéfico, mesmo com a incerteza de que os preços praticados possam cair com uma eventual recessão. Neste contexto, temos mineração, petróleo, celulose, grãos e proteína animal como destaques positivos”, indica o analista da Mirae Asset.
O head de renda variável da Speed Invest também recomenda “ir montando as posições devagar” a ficar 100% alocado “logo de cara” e recomenda setores mais defensivos como o bancário, saúde e energia, que “oferecem boas oportunidades com volatilidade menor que outros, como varejo, tecnologia e construção”, enfatiza Maurício Machado.
Machado considera que o cenário ainda é bem desafiador para as varejistas, mas também destaca a importância de olhar para aspectos como governança e portfólio variado. “Uma carteira equilibrada deve ter uma boa diversificação entre setores, mas uma coisa deve ser constante: a alta qualidade das companhias escolhidas.”
Temporada de balanços
Embora a maioria das revisões em relação à piora do cenário seja esperada para a segunda metade do ano, a temporada de balanços do segundo trimestre, que está em andamento, também será importante para avaliar como as empresas vão se comportar no atual cenário, segundo os especialistas. “As indicações que serão apresentadas na temporada do 2T22 podem influenciar bastante os investimentos. Estamos vendo lá fora que os balanços do Goldman Sachs e outras grandes companhias estão pesando bastante nas decisões dos investidores”, afirma Jerson Zanlorenzi, do BTG Pactual.
Como o indicador Preço/Lucro é muito importante nas análises das ações, os ganhos da temporada serão um importante critério de avaliação. “Sabemos que o preço está depreciado, mas o lucro é importante. Então, será importante observar como as empresas vão se comportar no cenário de inflação e para o cenário mais adverso do ano que vem”, explica Zanlorenzi. “O principal é acompanhar o posicionamento da empresa para frente, se está abrindo fábricas, contratando, se está prosperando. Se está andando de lado, endividada, postergando investimentos, são pontos negativos. Olhar o dólar, no caso das empresas exportadoras. Entender o ecossistema e a cabeça da diretoria para dar passos mais otimistas.”
Para Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset, a divulgação de resultados do segundo trimestre irá ajudar os investidores a entenderem quais empresas estão conseguindo performar neste ambiente de incertezas e quais foram e podem continuar sendo prejudicadas. “Apesar de uma possível piora nos números de uma forma geral, ainda esperamos surpresas positivas nestes balanços”, conclui o analista da Mirae Asset.
Para Nicolas Farto, da Renova Invest, o foco deve estar muito mais no guidance [projeção] para os próximos trimestres do que nos resultados. “A partir do guidance vamos ver, se o mercado monta ou não posições em cima daquelas ações”.
Já Fernando Siqueira, da Guide, acredita que os resultados não serão um gatilho para revisões e que os números tendem a ser bons, até mesmo em commodities, porque os preços ainda foram bastante elevados, no cenário local, a economia está crescendo. “O que está impulsionando revisões é o que está acontecendo no cenário internacional (aumento de juros nos EUA, desaceleração econômica mundial). Aqui, as empresas que sofreram mais com a pandemia estão se recuperando bem rápido, como shoppings, que é o caso mais claro, mas tem outros setores indo bem”, argumenta.
Eleições
Em relação às eleições, qualquer cenário de eleição para presidente traz bastante volatilidade, segundo os especialistas. Mas ainda há bastante indefinição, por isso há volatilidade. “O investidor deve olhar o que faz preço, que são as propostas para teto de gastos, crescimento, equipe econômica. Quando houver mais definição em relação a esses pontos, pode fazer preço nas ações. Agora o ambiente está negativo mais por conta de fatores externos do que do cenário local, que ainda precisa ser mais definido”, avalia um dos analistas.
“Do ponto de vista estrutural, o Brasil estará melhor que outros países e pode mais próximo ao final do ano atrair capital estrangeiro a depender do resultado da eleição”, estima Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset.
Confira a entrevista sobre o assunto com Idean Alves, chefe da mesa de operações e sócio da Ação Brasil Investimentos, escritório credenciado à XP Investimentos desde 2010:
Apuração: Cynara Escobar, Soraia Budaibes e Emerson Lopes / Agência CMA.
Edição: Cynara Escobar / Agência CMA.
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