São Paulo – O Itaú BBA revisou suas estimativas para as empresas de energia Engie Brasil, Auren e AES Brasil, incorporando uma previsão de menor risco hidrológico (GSF, da sigla em inglês Generation Scaling Factor) para os próximos anos e uma curva de preço de energia mais baixa, seguindo os números recentes do Dcide.
O GSF é a medida de risco que analisa a relação entre o volume de energia produzido e a garantia física de cada usina, ou seja, fator de ajuste de garantia física das usinas hidrelétricas que compõem o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE). O cálculo é feito mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e funciona como um rebalanceamento proporcional do volume total de energia produzido, somando os resultados de todas as usinas participantes do MRE.
O banco estima um GSF mais baixo, abaixo de 0,9, mesmo em um ano com chuvas muito boas, impulsionado pelo fraco crescimento na demanda de energia e a adição de capacidade de geração inflexível, principalmente eólica e solar, reduzindo a necessidade de geração hidrelétrica.
A análise aponta que no ano passado, com muita chuva, níveis de reservatórios muito acima da média histórica e despacho térmico muito baixo, o GSF melhorou para 0,85, de 0,73 em 2021.
O Itaú BBA prevê um GSF em torno de 0,80 para o médio prazo, enquanto o consenso está na faixa de 0,9-0,95, e para o longo prazo, 0,85. A suposição de preço de energia mais baixo devido ao excesso de oferta de energia e altos níveis dos reservatórios.
Segundo o Dcide, quando comparado com junho de 2022, os preços da energia caíram para R$ 89 por megawatt-hora (MWh), de R$ 183 por MWh, em 2023, para R$ 116 por MWh, de R$ 182 por MWh em 2024, e para R$ 133 por MWh, de R$ 167 por MWh em 2025.
“Para 2026 em diante, agora estamos assumindo preços de energia de R$ 140 por MWh para a energia convencional e R$ 170 por MWh para a incentivada. Nossos modelos usaram anteriormente R$ 160 por MWh como preço para energia convencional a longo prazo”, explicam os analistas.
Com isso, o Itaú BBA rebaixou as classificações da AES Brasil para venda de compra, e da Auren, de compra para neutro, e manteve a compra em Engie Brasil, considerada pelos analistas a empresa menos sensível a mudanças nas premissas de GSF e preços de energia dado seu hedge de GSF e exposição a outros negócios que não são impactados por estas variáveis, como transmissão e TAG.
“Acreditamos que 2023 será um ano marcante para a Engie, com forte crescimento do lucro por ação devido ao início dos projetos, menores despesas financeiras de concessões a pagar e o anúncio de dividendos muito maiores, atingindo um rendimento de dividendos de 12%. Além disso, a empresa está negociando com uma TIR implícita muito atraente de 11,4%”, escrevem os analistas, em relatório.