Itaúsa vê 2023 desafiador e foca na desalavancagem das empresas de seu portfólio

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São Paulo – A Itaúsa, holding que reúne Itaú Unibanco, XP Inc., Alpargatas, Dexco (ex-Duratex), Copa Energia, NTS, Aegea e CCR, promoveu hoje o eventual virtual Panorama Itaúsa 2022, com análises sobre o desempenho da companhia no ano e as perspectivas para 2023. O evento teve a participação de Alfredo Setubal, CEO da Itaúsa, Radamés Casseb, CEO Aegea, Waldo Perez, CEO interino da CCR e Milton Maluhy, CEO do Itaú Unibanco.

Para Setubal, o ano de 2023 será difícil e desafiador, diante do início de um novo governo, juros elevados e inflação ainda impactando o poder de compra de uma grande parcela da população brasileira.

“A Itaúsa tem feito uma gestão mais ativa do seu portfólio, buscando empresas pouco endividadas, com marcas fortes e preocupadas em gerar crescimento aliado à preocupação com as pautas ambientais”, explicou o executivo da holding.

Setubal disse que no momento o mais importante é desalavancar a holding e continuar investindo nas empresas que fazem parte do portifólio. Diante desta estratégia, a holding não tem intenção de aumentar o número de empresas, neste momento, mas destacou que não descarta, em breve, ampliar os investimentos em empresas ligadas ao agronegócio para diversificar ainda mais o portifólio e manter a saúde financeira da Itaúsa.

“Ao sanearmos as dívidas das empresas que fazem parte do nosso portfólio, poderemos pagar dividendos maiores aos acionistas. Acredito que no médio prazo a Itaúsa retomará o pagamento de dividendos na casa dos 37% e 40% do nosso resultado. É preciso manter o bom desempenho das empresas em que já investimos, para depois pensarmos em investir em novas empresas”, destacou Setubal.

O lucro líquido recorrente da Itaúsa, que exclui itens extraordinários e considera as participações nas subsidiárias Itaú Unibanco, XP Inc., Alpargatas, Dexco (ex-Duratex), Copa Energia, NTS, Aegea e CCR, foi de R$ 3,553 bilhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 32,9% na comparação com igual período do ano passado.

O resultado foi afetado por eventos não recorrentes, que totalizaram efeito positivo de R$ 2 milhões. Na Itaúsa, houve recebimento de earn-out relativo à venda da Elekeiroz. No Itaú Unibanco, o principal efeito foi o impacto positivo relativo à majoração da alíquota de CSLL, enquanto na Dexco, o resultado da LD Celulose, ainda em fase de ramp-up no segundo semestre de 2022, foi o principal evento não recorrente.

O lucro líquido, com efeitos não recorrentes e da participação das outras empresas do conglomerado, subiu 50,6% no período e totalizou R$ 3,5 bilhões, na mesma base de comparação, em função do melhor resultado proveniente das empresas investidas (Itaú Unibanco e NTS, principalmente), bem como do ganho de capital com a alienação de ações da XP Inc. realizada em julho.

Sobre a relação com a XP, Setubal disse que o foco da Itaúsa está fora do setor financeiro, e que a estratégia é diminuir e zerar este investimento ao longo dos próximos anos. “Os recursos que recebemos das outras empresas e o obtido com novas vendas de ações da XP nos próximos meses serão direcionados para reduzir o endividamento e pagar as despesas da holding”, comentou o executivo.

No mês passado, a Itaúsa efetuou a venda de 15.500.000 ações Classe A de emissão da XP Inc. (XP), correspondentes a 2,79% do capital da XP (desconsideradas as ações em tesouraria), pelo valor aproximado de R$ 1,5 bilhão. Do total vendido, 5.500.000 ações foram alienadas de forma privada à própria XP nas mesmas condições de preço estabelecidas na transação realizada via block-trade entre partes independentes. Assim, a Itaúsa alienou 41.000.000 de ações da XP no exercício de 2022 e passou a deter 35.470.985 de ações da XP, equivalentes a 6,39% do capital da XP e 2,27% de seu capital votante.

Durante o evento, os CEOs das empresas que fazem parte da holding detalharam os resultados alcançados nos últimos trimestres, apontaram os principais investimentos em curso e demonstraram otimismo em seus segmentos para os próximos anos, apesar das dificuldades macroeconômicas que o mundo tem enfrentado com a guerra na Ucrânia, o aumento generalizado nas taxas de juros e a pressão inflacionária disseminada nas principais economias do planeta.