Japão não descarta medidas para conter o enfraquecimento do iene, diz Suzuki

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O Japão não descartaria nenhuma medida para conter a fraqueza do iene, disse o ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, em mais um aviso contra especuladores no momento em que o país navega por um período delicado após a histórica mudança da política monetária fácil dos últimos anos.

Suzuki disse na terça-feira que um iene fraco tem efeitos positivos e negativos na economia, mas a volatilidade excessiva gera incertezas para as operações comerciais.

Isso, por sua vez, pode prejudicar a economia, disse o ministro, reforçando o foco de Tóquio na velocidade das movimentações do mercado, em vez de níveis específicos de moeda.

“A movimentação rápida das moedas é indesejável”, disse Suzuki a repórteres após uma reunião do gabinete. “É importante que as moedas se movam de forma estável, refletindo os fundamentos econômicos”.

A venda do iene ganhou ritmo após a decisão histórica do Banco do Japão na semana passada de encerrar oito anos de taxas de juros negativas, inaugurando uma nova era de política monetária mais restritiva em um país onde o dinheiro barato havia sido a norma por décadas.

Os investidores que apostam contra o iene foram encorajados pelas expectativas de mercado de que o Banco do Japão aumentará as taxas apenas marginalmente nos próximos meses, o que significa que as diferenças nas taxas entre o Japão e os Estados Unidos permanecerão acentuadas por mais algum tempo.

Um iene fraco impulsiona os lucros dos exportadores japoneses, mas também aumenta os custos das importações e reduz a riqueza das famílias. Os formuladores de políticas são particularmente sensíveis a fatores que ameaçam o consumo, pois isso poderia desfazer anos de tentativas de criar um ciclo virtuoso de crescimento econômico liderado pela demanda e pelo aumento dos preços.

Na terça-feira à tarde, o dólar estava ligeiramente mais fraco em relação ao iene, cotado a 151,26 e enfrentando grande resistência perto do nível de 152 devido à ameaça de intervenção das autoridades japonesas. O dólar subiu cerca de 7% em relação ao iene desde o início do ano.

Suzuki se recusou a comentar sobre a possibilidade de Tóquio intervir para conter a fraqueza do iene, mas sugeriu que a velocidade das flutuações da moeda será um fator em qualquer decisão de entrar no mercado.

“Se eu responder à pergunta sobre intervenção cambial, isso pode ter efeitos indesejados no mercado”, disse Suzuki, acrescentando “se houver movimentos excessivos, responderemos adequadamente sem descartar nenhuma medida.”

O Japão interveio pela última vez no mercado cambial em setembro e outubro de 2022 para conter a queda do iene, inicialmente quando o dólar atingiu cerca de 145 ienes e depois em outubro, quando a moeda americana atingiu uma máxima de 32 anos perto do nível de 152 ienes.