São Paulo, SP – O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, publicou, no último sábado (18), uma sequência de postagens na rede social “X” (antigo Twitter) para defender a estratégia de preços da companhia, citando que ela prioriza o não repasse da volatilidade do mercado internacional do petróleo e que ela não refletirá “a incerteza gerada por fatores geopolíticos imprevisíveis”.
A postagem ocorre após cobranças para que a estatal reduza os preços dos combustíveis feitas pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que afirmou que “esperava da Petrobras manifestação mais efetiva de redução de preço”, em entrevista à GloboNews, na última sexta-feira (17).
Confira abaixo a íntegra da sequência de seis postagens publicadas pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre o assunto:
“1/ Este ano, a Petrobras avançou com uma nova estratégia comercial que prioriza o não repasse da volatilidade do mercado internacional do petróleo. Não queremos mais levar para dentro da casa do consumidor a incerteza gerada por fatores geopolíticos imprevisíveis. Na sua condição de empresa estatal mista, a Petrobrás pode e deve gerir sua estrutura de forma eficiente e rentável ao mesmo tempo em que contribui para que o País tire bom proveito da autossuficiência em petróleo e da grande capacidade de refino que possui.
2/ Em 2017, quando o “Governo Temer” instituiu o tal “Preço de Paridade de Importação” (ou PPI), foram realizados 118 movimentos nos preços; cada um desses disparando efeitos econômicos e sociais. Um caminhoneiro não conseguia estimar um frete, pois um conflito do outro lado do planeta poderia inviabilizar seu retorno para casa. O problema do caminhoneiro também é problema para a logística de abastecimento nacional, para o
deslocamento de bens e serviços, e para a economia em geral. Estamos mostrando, na prática, que dá para fazer diferente, sem simplificações infantis, sem casuísmos negligentes, sem bravatas ou improvisos, mas com inteligência, transparência e responsabilidade.
3/ Nesses seis meses da nova estratégia, realizamos 4 ajustes na gasolina e 3 no diesel. Nesse mesmo período, o barril de petróleo foi negociado em valores entre US$ 71 e US$ 95, e afetado por diversos eventos de impacto global como guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Só para dar um exemplo a quem não é acostumado com esse mercado, o barril começou o dia de ontem sendo vendido da US$ 77, e, enquanto eu escrevia estes posts, o preço no mercado voltou para acima de US$ 80. Posto abaixo os graficos dos ultimos 10 dias do Brent ICE, Rbob e HO, mostrando justamente o sobe e desce do mercado. Posto tb um grafico da Volatilidade Historica do Brent (janela 60 dias) mostrando como ela vem subindo desde setembro, atingindo quase 35%.
Não faz sentido agir por impulso ou açodamento – como fez o Governo Bolsonaro todo o tempo, quanto a isso. Canso de repetir: a Petrobrás não “FAZ” o preço do mercado, e tem sua política comercial definida de acordo com seus parâmetros técnicos, logísticos e operacionais. Portanto, a Petrobrás fará ajustes quando e como tais parâmetros indicarem pertinência.
4/ Para que o MME, órgão da União, possa orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 e o Estatuto Social (art. 3o, parágrafo 4o e seguintes): a União deverá orientar formalmente a Petrobras por meio de um ato normativo (lei ou regulamento) deverá firmar contrato, convênio ou outro ajuste estabelecendo as condições em que se dará, com ampla publicidade os custos e receitas referentes a medida deverão ser discriminados e divulgados de forma transparente, inclusive no plano contábil a proposta de orientação da União deverá ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, que avaliará se as condições a serem assumidas pela Petrobras requerem que a União compense a Petrobras pela diferença.
5/ Temos alcançado recordes tanto na produção de petróleo e gás como no refino e comercialização de seus derivados, sempre inovando com sua tecnologia e o empenho dos petroleiros e petroleiras por cada vez mais eficiência e por uma pegada de carbono cada vez menor. Nos últimos dias, ultrapassamos grandes congêneres como BP e Equinor em valor de mercado, e alcançamos o recorde histórico da cotação das nossas ações, mesmo anunciando reduções racionais e compreensíveis na distribuição de dividendos. Estamos preparados para investir muito e devolver ao Brasil empregos, oportunidades, desenvolvimento e muita energia, por muitos anos mais.
6/ São ainda poucos meses, mas de muito trabalho, em diálogo constante com toda a sociedade, que tem visto a empresa comunicar ajustes nos seus preços e que tem cobrado que as nossas reduções também cheguem aos postos. Somos desafiados todos os dias a buscar produtos melhores, com preços competitivos, ao mesmo tempo em que aprimoramos a qualidade dos empregos que geramos e mantemos.
Tenho muito orgulho de ter recebido diretamente do Presidente Lula a missão de liderar a primeira empresa em que trabalhei (e da qual nunca me distanciei) em um momento tão importante para a construção de sua transição para uma nova fase histórica e fundamental. A Petrobrás merece uma gestão verdadeiramente preocupada com seu futuro e com o futuro do Brasil e do planeta, e todos os dias agradeço pela confiança depositada em mim e na diretoria que me acompanha nesta jornada desafiadora.”