Por Gustavo Nicoletta
São Paulo – A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) foi removida do posto de líder do governo no Congresso, segundo informações divulgadas pelo site “G1”, pelo jornal “O Globo” e pela rede de televisão “GloboNews”. A assessoria de imprensa da deputada não confirmou a informação.
A indicação de Hasselmann para o cargo foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro, que é quem pode removê-la do posto, e é mais um sinal de ruptura no PSL, o partido do governo.
Ontem, Hasselmann publicou em sua conta no Twitter um ataque à advogada de Jair Bolsonaro, Karina Kufa. Ela já trabalhou para o PSL e pediu que sejam abertas as contas do partido para verificar se houve irregularidades no manejamento de verbas de campanha.
“Enfim descobrimos que a tal Karina Kufa, que faz um escândalo por transparência nos gastos do PSL Nacional, levou R$ 340 mil do PSL. Obrigada Kufa, sem seu show eu não saberia disso. Perguntas: Qual era sua função? Quem te indicou? Você queria transparência ou aumento?”
Antes disso, a deputada – que é tida como provável candidata do PSL à prefeitura de São Paulo – chegou a dizer que sua potencial candidatura seria endossada por Bolsonaro, que posteriormente disse não estar apoiando nenhuma candidatura.
A turbulência veio à tona na semana passada, quando o presidente Jair Bolsonaro apareceu em um vídeo sussurrando no ouvido de um de seus apoiadores, na saída do Palácio do Alvorada, que ele deveria “esquecer esse negócio de PSL”. O presidente acrescentou, no mesmo vídeo, que o presidente do partido, Luciano Bivar, estava “queimado”.
O comentário de Bolsonaro fazia referência a investigações de que o PSL teria desviado dinheiro público que deveria ser empregado para finalidades específicas durante a campanha eleitoral – entre eles o financiamento de campanha de mulheres.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também do PSL, foi acusado recentemente pelo Ministério Público de ter cometido o mesmo crime, mas num caso envolvendo candidaturas do estado de Minas Gerais. Bolsonaro, porém, disse que ainda não vê motivos para removê-lo do cargo.
Dias depois da acusação contra o ministro do Turismo, a Polícia Federal órgão que está sob tutela do Poder Executivo – lançou uma operação que tinha como alvo Bivar, para apurar o envolvimento do presidente do partido no caso de desvios de dinheiro público em Pernambuco.
A situação gerou constrangimento dentro do PSL e dividiu os deputados da sigla, tendo efeitos inclusive sobre o andamento das votações no Congresso.
Na terça-feira, o deputado delegado Waldir, que está na ala pró-Bivar, chegou a declarar que o PSL estava em obstrução à votação da Medida Provisória 886, que fazia alterações adicionais na estrutura do governo federal. A obstrução chegou a ser desmanchada por um dos vice-líderes do partido e retomada por Waldir, que desautorizou o vice-líder.
Ontem, uma ala de deputados do PSL protocolou ontem um pedido para destituir o atual líder do partido na Câmara, delegado Waldir (PSL-GO), e, no lugar dele, nomear o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.
Logo em seguida, foram apresentados outros dois requerimentos. Um pedindo a permanência de Waldir com 32 assinaturas e um terceiro reafirmando a indicação de Bolsonaro. Hoje, a mesa da Câmara confirmou que o requerimento válido é o que pede a permanência de Waldir no cargo.