RADAR DO DIA: Juros e Bostic nos EUA; Lagarde em Davos; Haddad encontra Lira

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em instabilidade. Ontem foi divulgado o Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país. O conteúdo veio em linha com o que os analistas esperavam, ou seja, que a inflação deverá manter sua trajetória de queda neste ano, com os aumentos de preços desacelerando ainda mais ao longo de 2024.

Apesar do tom positivo, o mercado ainda não consegue precificar qual será o ritmo da queda dos juros neste ano. A previsão é que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano) deve iniciar um ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos a partir de junho de 2024, com cortes de 0,25 ponto percentual (pp) em todas as reuniões, o que deve acarretar um declínio acumulado de 1,75 pp no fim de 2024. O Comitê volta a se reunir no próximo dia 31 de janeiro.

O mercado também fica de olho nos discursos do presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic. No início do ano, ele disse que a política monetária deve continuar restritiva, mesmo com o esfriamento do mercado de trabalho e o abrandamento da inflação. “Os riscos estão equilibrados, com o mercado de trabalho esfriando, mas a inflação ainda segue acima da meta. Vejo dois cortes de 0,25 ponto percentual apenas no fim do ano”, afirmou.

Na Europa, a atenção está voltada ao discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Ontem, em entrevista à Bloomberg TV, ela afirmou que o Banco Central Europeu (BCE) está no caminho certo para levar a inflação de volta à sua meta de 2%, mas a vitória ainda não foi conquistada. Ela não quis opinar sobre o ritmo de queda de juros no bloco, mas afirmou que se os investidores avaliarem mal seus movimentos futuros, isso poderá ser contraproducente para a luta contra a inflação.

Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segue envolvido na negociação para destravar o impasse da Medida Provisória que reonera setores da economia hoje contemplados com benefícios fiscais. Hoje, ele deve se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em Brasília.

O ministro busca uma solução que atenda tanto o Ministério da Fazenda – que prevê um rombo de R$ 32 bilhões com renúncias aprovadas não previstas no orçamento de 2024 – quanto o Congresso Nacional – que aprovou a prorrogação da desoneração e derrubou o veto presidencial que queria reverter a decisão dos parlamentares.

O ministro já conversou com o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o orientou a editar uma nova medida provisória sem a reoneração dos 17 setores econômicos e dos municípios, conforme a posição do Congresso.

No setor corporativo, a Gerdau informou que celebrou acordos definitivos para a venda da totalidade de suas participações societárias de 49,85% na joint-venture Diaco (e subsidiárias) e de 50% na joint-venture Gerdau Metaldom Corp (e subsidiárias), com atuação nos mercados da Colômbia, República Dominicana, Panamá e Costa Rica, cujo adquirente será o Grupo INICIA, atual sócio da Gerdau nas referidas joint-ventures. A transação se dará por um preço base correspondente a US$ 325 milhões.

A Eztec divulgou ontem uma prévia com os resultados do quarto trimestre de 2023, com um total de R$ 199 milhões em vendas líquidas, queda de 34,6% em comparação como mesmo período de 2022. Ao todo, em 2023, as vendas líquidas alcançaram R$ 1,262 bilhão, alta de 0,6% na comparação com 2022. A companhia encerrou o ano de 2023 com um estoque de R$ 2,7 bilhões. Desse total 55% são de projetos em obras, e o aumento do estoque pronto se dá pela alta quantidade de entregas. Segundo comunicado, excluindo a 2a fase do Lindenberg Ibirapuera que não está aberta para venda, a redução no estoque foi de aproximadamente 17% em relação a 2022.

A Petrobras informou que, com orçamento de US$ 17 bilhões em quatro anos, a expansão da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, pretende ampliar em até 40% a produção nacional de diesel. Segundo a estatal, as obras de ampliação aumentarão em até 13 milhões de litros diários a produção de diesel S10 com baixo teor de enxofre. As informações são da Agência Brasil. De acordo com a Petrobras, que detalhou em entrevista coletiva no Recife a retomada dos investimentos na refinaria, as obras de refino, transporte e comercialização deverão gerar até 30 mil empregos até 2028.

A produção média dos contratos de partilha, no mês de novembro, atingiu a marca histórica de 1 milhão de barris por dia (bpd), um aumento de 6% em relação ao mês anterior, em função da estabilidade operacional nas plataformas. Os dados foram divulgados no Boletim de Produção da Pré-Sal Petróleo (PPSA) nesta quarta-feira (17). O campo de Búzios foi o principal produtor, responsável por 526,81 mil bpd, seguido de Mero (219,90 mil bpd) e Sépia (99,85 mil bpd). Deste total, 52 mil bpd foram de direito da União, provenientes dos oito contratos de partilha de produção e dos acordos de individualização da produção (AIPs) de Atapu e Tupi.