Lagarde defende mais estímulos além do monetário

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, apelou aos países da zona do euro para aumentarem os gastos e defendeu uma nova combinação de políticas para apoiar o crescimento econômico da região, enquanto descreveu uma nova ordem na economia global.

“Na minha opinião, como nossos desafios são comuns, devemos enfrentá-los com uma resposta comum. Isso envolve avançar em direção a uma nova combinação de políticas europeias, com vários elementos-chave”, disse ela, em discurso no Congresso Bancário Europeu, em Frankfurt.

Segundo a presidente do BCE, “a política monetária poderia atingir seu objetivo mais rapidamente e com menos efeitos colaterais se outras políticas estivessem apoiando o crescimento ao lado dela”. Lagarde destacou o papel dos governos da zona do euro para reequilibrar a economia da região.

“Um elemento-chave aqui é a política fiscal da zona do euro, que não se refere apenas à posição agregada da despesa pública, mas também à sua composição”. Para ela, é preciso investir em “um futuro comum que é mais produtivo, mais digital e mais ecológico”.

Lagarde também defendeu a postura política acomodatícia do BCE, o que, segundo ela, tem sido um fator essencial da demanda doméstica. “A política monetária continuará apoiando a economia e respondendo a riscos futuros”, disse. “E monitoraremos continuamente os efeitos colaterais de nossas políticas”. Ela disse ainda que a política monetária passará por uma revisão estratégica que deve começar em breve.

DESACELERAÇÃO GLOBAL

Com relação ao cenário global, ela afirmou que as tensões comerciais e incertezas geopolíticas estão contribuindo para a desaceleração do crescimento do comércio mundial. “Isso, por sua vez, deprimiu o crescimento global para o nível mais baixo desde a grande crise financeira”.

Lagarde destacou que as incertezas se provaram mais persistentes que o esperado, o que tem efeitos na zona do euro. O BCE revisou para baixo, em setembro, sua projeção de crescimento econômico para a região este ano, para 1,1%, queda de 0,7 ponto percentual (pp) ante o projetado um ano antes.

Por fim, ela descreveu transformações estruturais na economia global, ao citar mudanças “da demanda externa à demanda doméstica, do investimento ao consumo e da manufatura aos serviços”. Além disso, “o comércio está sendo reordenado” devido a novas tecnologias e novos riscos, como de mudanças climáticas.

“Tudo isso obviamente tem implicações para o nosso setor externo, principalmente porque as exportações da zona do euro são intensas em bens de capital e intermediários”, disse. Assim, a “Europa precisa inovar e investir para responder a esses desafios e preservar sua competitividade a longo prazo”.

Cristiana Euclydes / Agência CMA