Lagarde diz que BCE poder cortar juros caso riscos ligados a coronavírus aumentem

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São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) pode cortar sua principal taxa de juros para mitigar os riscos ligados ao surto do novo coronavírus, segundo a presidente da instituição, Christine Lagarde, que reforçou que a decisão de hoje pela manutenção foi unânime.

“Acreditamos que as medidas anunciadas hoje são adequadas para mitigar os efeitos do surto do novo coronavírus sobre a economia”, afirmou Lagarde.

O BCE manteve a taxa básica de juros em zero; a taxa de depósitos em -0,5% e a taxa da linha mantida com bancos comerciais para concessão de liquidez de curto prazo em 0,25% ao ano. O BCE também anunciou que comprará mais 120 bilhões de euros em ativos até o final do ano, além dos 20 bilhões de euros mensais que já vinha adquirindo.

Outra medida anunciada pelo BCE foram as operações adicionais de refinanciamento de longo prazo (TLTROs, na sigla em inglês). Elas oferecerão financiamento no volume que o sistema financeiro demandar, com o objetivo de servir como um empréstimo-ponte que garanta a liquidez dos bancos até a próxima operação de refinanciamento da chamada TLTRO 3.

Mesmo com as medidas do BCE, Lagarde reforçou que a duração do choque do coronavírus sobre as economias da eurozona dependerão das respostas em nível regional dos países da região. Nesse contexto, ela pediu medidas fiscais coordenadas para complementar as ações da autoridade monetária.

“A economia global e a eurozona enfrentam um grande choque e a evolução da economia dependerá das respostas dos governos, que precisam ser rápidas, firmes e coordenadas”, afirmou. “Não descartamos, no entanto, a flexibilização das medidas anunciadas hoje caso haja um agravamento dos riscos”, acrescentou.

Ainda assim, a chefe do BCE disse que espera que o Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da eurozona) tome decisões complementares e efetivas para proteger as economias de choques. As autoridades têm encontro marcado para segunda-feira.

Sob a visão de Lagarde, a crise atual não é a mesma vista em 2008. “A origem da crise é um vírus, que comprometeu as indústrias e obstruiu a cadeia de suprimentos”, disse.