São Paulo – Amanhã (15), às 10h, na sede da B3, em São Paulo, será realizado o último leilão de transmissão de energia do ano e um dos maiores da década. O certame inclui três lotes que, juntos, somam investimentos de R$ 21,7 bilhões, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). State Grid e Eletrobras são apontadas como favoritas na disputa pelo lote 1, Alupar e Cymi pelos lotes 2 e 3, enquanto ISA Cteep, Taesa, Cemig, Neoenergia, Sterlite, Engie devem ficar de fora.
Segundo o sócio da KPMG, Adriano Levi, a expectativa é grande, considerando que um dos lotes representa mais de 80% deste investimento (R$ 18 bilhões). “Apesar disso, em função da complexidade do empreendimento, do volume de capital demandado e o cenário macroeconômico que ainda impacta nas decisões de investimento em infraestrutura, o certame deve atrair poucas empresas. Em contrapartida, temos players importantes que já estão no mercado que demonstram bastante interesse em ampliar os ativos e veem tal oportunidade como uma janela importante de expansão de negócios no país”, analisa.
O Bank of America (BofA) considera que as receitas anuais regulamentadas podem chegar a R$ 3,9 bilhões e que o leilão o evento poderá ter taxa de retorno real de 11,3% e um desconto médio de 20% para a Receita Anual Permitida (RAP). “Estimamos um perfil de risco-recompensa atrativo nos termos do regulador e um potencial de menor concorrência em relação aos leilões recentes, principalmente no Lote 1 devido à escala e tecnologia específica (HVDC – corrente contínua de alta tensão). Assim, saudamos os termos do leilão e vemos uma boa oportunidade de alocação de capital para empresas com poder de fogo no balanço e know-how tecnológico, como a Eletrobras”, avalia o BofA.
Entre as companhias acompanhadas pelo BofA, ele vê a possibilidade de Eletrobras e State Grid disputarem o lote 1, enquanto ISA Cteep, Taesa, Cemig, Neoenergia, Sterlite, Engie não devem participar.
INFORMAÇÕES SOBRE OS LOTES
Os lotes envolvem a construção de empreendimentos em cinco estados Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. Os prazos de construção variam entre 60 e 72 meses, e a expectativa é de geração de 36,9 mil empregos. São 4.471 quilômetros em linhas de transmissão e seccionamentos e de 9.840 megawatts (MW) em capacidade de conversão nas subestações.
O Lote 1 tem a função de aumentar a capacidade da interligação entre as regiões Nordeste/Centro Oeste para escoamento de excedentes de energia da região Nordeste. Ele prevê a entrega de aproximadamente 1.468 km de linhas de transmissão em corrente contínua, atravessando três estados (Maranhão, Tocantins e Goiás), e poderá ser arrematado de forma integral ou em quatro sublotes, visando a aumentar a competitividade. O prazo de conclusão será de 72 meses, o mais longo já concedido pela Aneel, devido ao porte e à complexidade da obra. O investimento previsto é de R$ 18 bilhões, ou sublotes de (a) R$ 12,1 bilhões, (b) R$ 4,6 bilhões, (c) R$ 676,6 milhões e (d) R$ 678,5 milhões.
A dinâmica da licitação para o Lote 1 será a seguinte: os licitantes interessados no Lote 1 completo ou em algum dos sublotes precisarão entregar cinco envelopes ao pregoeiro, contendo ou não um lance válido para o lote e os quatro sublotes. Para isso, farão previamente a inscrição nesse bloco, mediante o aporte de uma única garantia de proposta.
Em seguida, o diretor da sessão pública conduzirá duas rodadas: na primeira, será feita a escolha se a outorga será por um contrato (Lote 1 completo) ou 4 contratos (sublotes), a partir de comparação entre as propostas apresentadas nos envelopes. Nessa fase, independentemente da diferença entre a proposta composta pela soma dos menores lances para os sublotes e a melhor oferta para o Lote 1 integral, avança apenas a solução de menor valor global.
Na segunda rodada, será a fase de lances viva-voz, caso haja propostas no máximo 5% acima da menor proposta, para o Lote integral ou para cada sublote individualmente, conforme decidido na etapa anterior.
O Lote 2 prevê a expansão das interligações regionais e da capacidade de exportação das regiões Norte e Nordeste e inclui duas linhas de transmissão com 330 km e 221 km cada. Os empreendimentos serão construídos nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo e têm prazo de construção de 66 meses. O investimento previsto é de R$ 2,59 bilhões.
O Lote 3 prevê a construção de 388 km de linhas de transmissão e tem a função de aumentar as interligações regionais e da capacidade de exportação de energia do Norte e Nordeste. O investimento previsto é de R$ 1 bilhão.