Licenciamento total de veículos sobe 32,8% em março, base anual, diz Anfavea

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São Paulo – Os licenciamentos totais de veículos – que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – somaram 171.427 unidades, alta de 32,8% em base anual e de 52,5% na comparação com fevereiro, informou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Já os licenciamentos de automóveis e comerciais leves aumentaram 35,5% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 159.879 unidades. Ante fevereiro, houve alta de 55,2%.

No acumulado do ano, os emplacamentos de leves somaram 406.283 de unidades, alta de 14,6% frente ao mesmo período de 2022.

A venda de caminhões caiu 7,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o emplacamento de 8.978 unidades em março e avanço de 20,1% ante fevereiro. No acumulado do ano, por sua vez, houve crescimento de 2,5%, a 26.328 caminhões.

No setor de ônibus, os emplacamentos subiram 88,7% em base anual, a 2.570 unidades. Em relação a fevereiro, a venda de ônibus teve alta de 32,8%. No acumulado do ano, houve alta de 87,1%, a 6.216 unidades.

A receita com as exportações totais de veículos automotores e de máquinas agrícolas produzidas no Brasil somou US$ 1,1 bilhão em março, alta de 32,6% ante o mesmo mês do ano passado. Na comparação mensal, houve alta de 18,6%, segundo a Anfavea.

A produção de veículos leves atingiu 207.552 unidades no mês de março, apontando uma alta de 22,9% ante o mesmo mês de 2022. Na comparação com fevereiro, houve aumento de 36,4%, de acordo com a associação.

Já a produção total de veículos – que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – foi de 221.835 unidades em março, crescimento de 20% em base anual e, de 37,3% em base mensal.

No acumulado do ano, a produção total cresceu 8% para 536.019 unidades, enquanto a produção de veículos leves nos três primeiros meses deste ano cresceu 11,3% para 507.507 unidades.

A quantidade de postos de trabalho na indústria automotiva ficou praticamente estável (+0,4%) na comparação anual e mensal (-0,3%), para 101.607 posições em março, ante 101.205 um ano antes e 101.915 em fevereiro.

Apesar da melhora nos números em março, a produção acumulada no primeiro trimestre ainda está cerca de 50 mil unidades abaixo dos níveis pré-pandemia. De janeiro a março foram produzidos 538 mil autoveículos, apenas 8% a mais que no início do ano passado, quando a crise dos semicondutores estava no auge. Para veículos pesados, houve redução de cerca de 30% no volume de produção.

Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022. A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda, explicou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, lembrando que há novas paralisações anunciadas para abril.

As vendas acumuladas de autoveículos no trimestre foram de 472 mil unidades. O crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado poderia indicar sinais de recuperação, mas na verdade a base de 2022 é muito baixa, já que faltavam carros nas concessionárias. Em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem é superior a 20%.

JUROS ALTOS REDUZEM DEMANDA NO 1T23

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcio de Lima Leite, disse que o arrefecimento da demanda no primeiro trimestre de 2023 está tendo efeito equivalente à restrição da oferta enfrentada no mesmo intervalo do ano passado, que foi o pior primeiro trimestre desde 2004. O dirigente atribuiu o cenário de juros elevados e restrição ao crédito como principal fator de retração do mercado. O intervalo foi mercado por oito paradas de fábricas e dois cancelamentos de turnos. Para veículos pesados, houve redução de cerca de 30% do volume de produção.

Em produção, houve 536 mil unidades fabricadas no 1T23, ante 496 mil na comparação anual, em vendas 472 mil unidades, de 406 mil no 1T22, e exportação de 111 mil unidades entre janeiro e março de 2023, ante 108 mil um ano antes, com média de 1,9 mil embarques por dia em março.

“Os juros têm sido a principal razão de queda desse mercado”, disse o presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, em entrevista coletiva a jornalistas nesta segunda-feira.

A fotografia do momento seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março, 28% do total. Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado, analisou Leite.

As exportações em março mantiveram a média diária de 1.900 unidades de fevereiro, o que indica o cumprimento de contratos com os principais destinos, mas sem grande crescimento de volumes. Na comparação trimestral, as 112,2 mil unidades embarcadas entre janeiro e março representaram crescimento de 3,9% sobre o mesmo período de 2022.

O setor de máquinas teve a divulgação dos números do primeiro bimestre, ainda com déficit em relação ao mesmo período do ano anterior. As agrícolas tiveram 7.938 unidades vendidas, queda de 15,9%, enquanto as rodoviárias apresentaram recuo de 7,2%, com vendas de 4.531 unidades. Ao menos as agrícolas cresceram de fevereiro para janeiro, apesar da expectativa no mercado para o aporte de novos recursos do Plano Safra 2022/23. Já as rodoviárias tiveram desempenho tímido em fevereiro, explicado pelo compasso de espera pelas políticas de investimento em infraestrutura de várias esferas de governo.