São Paulo – Algumas cidades brasileiras precisarão adotar medidas para permitir apenas o funcionamento de serviços essenciais – o chamado lockdown – para conter a disseminação do novo coronavírus, causador da covid-19, disse o ministro da Saúde, Nelson Teich, durante uma entrevista coletiva.
“Vai ter lugar em que lockdown é necessário? Vai”, disse o ministro. “Ele vai ser importante nos lugares onde a cidade estiver num momento muito difícil, de incidência alta [da covid-19], com alta ocupação de leitos, número crescente de pacientes chegando nos hospitais, infraestrutura que não conseguiu se adaptar”, acrescentou.
O ministro disse também que o governo federal já definiu os critérios que devem ser usados para definir o grau de distanciamento social a ser seguido pelas cidades, mas que está esperando haver consenso em torno da proposta para que ela seja vista como um plano efetivamente nacional, e não como algo determinado unicamente pelo governo federal.
“A gente só está mesmo tentando enxergar a melhor hora [de apresentar a política]. É muito importante que isso seja tratado como estratégia do país inteiro, visto como trabalho das três esferas”, disse Teich.
“É importante que a gente discuta as estratégias de acordo com a situação de cada lugar, para a gente não generalizar ser a favor ou contra lockdown”, afirmou.
O Ministério da Saúde, quando capitaneado por Henrique Mandetta, predecessor de Teich, chegou a definir alguns critérios para que as cidades adotassem isolamento geral da população ou o chamado isolamento vertical isolamento apenas das pessoas que correm mais risco de morrer por causa da covid-19.
Mandetta, porém, foi demitido do Ministério da Saúde depois de entrar em conflito com o presidente Jair Bolsonaro, que considera exageradas as políticas adotadas por estados e municípios para desestimular a circulação de pessoas e manter um grau elevado de isolamento social. O ex-ministro evitava ecoar esta visão e defendia que fosse aplicado o isolamento social onde fosse possível.