Lucro da Petrobras cresce 48% e vai a R$ 46,1 bilhões no terceiro trimestre

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São Paulo – O lucro líquido aos acionistas da Petrobras aumentou 48,0% no terceiro trimestre, para R$ 46,1 bilhões, explicado principalmente pela desvalorização do Brent, além de ausência de ganho de R$ 14,2 bilhões referente ao acordo de coparticipação em Sépia e Atapu ocorrido no 2T22. Estes fatores foram parcialmente compensados pela melhora no resultado financeiro (R$ 7,8 bilhões) refletindo a menor desvalorização do real frente ao dólar no 3T22 em comparação ao 2T22. Com o menor lucro antes dos impostos, houve menor despesa com imposto de renda e contribuição social em R$ 5,8 bilhões, explicou a companhia, em seu relatório de resultados do terceiro trimestre de 2022 divulgado nesta quinta-feira.

A receita líquida da companhia cresceu 39,9%, para R$ 170,08 bilhões.

O lucro recorrente, que desconta dos resultados eventos que melhoraram ou pioraram o resultado da empresa e não devem se repetir em outros períodos, aumentou 166,4% no terceiro trimestre, para R$ 46,29 bilhões. No 3T22, o lucro líquido foi negativamente impactado em R$ 0,2 bilhão e teria somado R$ 46,3 bilhões sem os itens não recorrentes. O EBITDA Ajustado foi negativamente impactado em R$ 0,8 bilhão e teria somado US$ 92,3 bilhões sem os itens não recorrentes.

O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 10,9%, para R$ 91,76 bilhões. Em termos ajustados – que excluem da conta participações em investimentos, reavaliações nos preços de ativos, resultados com desinvestimentos e realização dos resultados por venda de participação societária -, o ebitda aumentou 50,5%, para R$ 91,421 bilhões.

A dívida líquida da companhia ao fim do terceiro trimestre encolheu 1,3%, para US$ 47,483 bilhões, o que equivale a 0,75 vez.o ebitda ajustado em dólar acumulado pela Petrobras num período de 12 meses. Um ano antes, este índice era de 1,17 vez.

O lucro líquido aos acionistas da Petrobras com as operações de exploração e produção diminuiu 7,0% no terceiro trimestre, para R$ 38,86 bilhões. O preço médio do petróleo tipo Brent – a referência no mercado internacional – praticado no período subiu 37,3% na comparação anual, para US$ 100,85 o barril. No Brasil, o preço médio de venda subiu 65,9%, para US$ 665,50 o barril, ficando acima do praticado no exterior.

O custo de extração de petróleo e gás no Brasil, chamado de “lifting cost”, teve alta de 13,1%, para US$ 7,53 por barril de petróleo equivalente (boe, na sigla em inglês), sem levar em consideração a participação do governo. Com a participação do governo, o lifting cost cresceu 26,9%, para US$ 23,48 por boe. Nos campos do pré-sal, o custo de extração de petróleo e gás aumentou 36,5% no terceiro trimestre, para US$ 3,44 por boe. Nenhum destes números leva em consideração as despesas da Petrobras com afretamento.

O lucro líquido aos acionistas da Petrobras com as operações de refino aumentou 29,6% no terceiro trimestre, para R$ 7,08 bilhões, enquanto no setor de gás e energia o resultado líquido foi positivo, subindo 15640,0%, para R$ 3,15 bilhões.

Desinvestimentos

No 3T22, as entradas de caixa referentes aos desinvestimentos totalizaram US$ 537 milhões, incluindo o recebimento do pagamento pela venda Gaspetro no valor US$ 392 milhões. Nos primeiros nove meses do ano, recebemos US$ 3,9 bilhões provenientes da venda de ativos, incluindo pagamentos diferidos das vendas da NTS (US$ 1,0 bilhão), no 2T22, e Bacalhau (US$ 950 milhões), no 1T22.

De 1 de janeiro de 2022 até 02 de novembro de 2022 concluímos a venda do Polo Alagoas, do Polo Recôncavo, do Polo Peroá, do Polo Fazenda Belém, de blocos exploratórios na Bacia do Paraná e na Bacia Potiguar, e das nossas participações societárias na Deten Química e Gaspetro. Também assinamos os contratos para a venda dos Polos Potiguar, Norte Capixaba, Golfinho e Camarupim, do campo de Albacora Leste e da Refinaria LUBNOR, informou a Petrobras em seu relatório trimestral.

Mensagem da diretoria

Rodrigo Araujo Alves, diretor financeiro e de relacionamento com investidores divulgou a seguinte mensagem:

“Prezados acionistas e investidores, mais uma vez tenho o prazer de compartilhar com vocês os excelentes resultados gerados pela Petrobras no terceiro trimestre de 2022. Os números deixam claro o valor que uma companhia pode gerar para a sociedade e seus acionistas,  ao fazer as escolhas certas.

Norteados por este compromisso avançamos significativamente na contratação de equipamentos críticos para viabilizar o aumento sustentado e rentável da nossa produção de petróleo e gás, com foco no pré-sal. Assinamos os contratos de 3 novos FPSOs (P-80, P-82 e P-83) para o campo de Búzios, o maior em nosso portfólio e que representará cerca de 1/3 da nossa produção em 2026. Com isso, resta apenas a contratação de 1 das quinze plataformas do nosso Plano Estratégico 2022-2026.

A relevância destas contratações é evidenciada pelo fato de que, na ausência dessa capacidade adicional, não conseguiríamos explorar de forma eficiente e rentável as nossas reservas, não as traduzindo, por conseguinte, em ganhos econômicos. Estamos, portanto, aumentando o grau de confiança na consecução das metas do nosso plano, o que é ainda mais

importante em um cenário de alta de custos e de desafios nas cadeias de suprimento globais.

Sob a ótica financeira, trouxemos o caixa para um patamar mais compatível com as necessidades financeiras da empresa, lembrando que além dos US$ 6,8 bilhões disponíveis em caixa, possuímos as revolvings credit lines, que trazem liquidez adicional para a Companhia em eventuais cenários de stress. Mantivemos a estrutura de capital da Companhia

em níveis extremamente saudáveis. Cabe destacar a captação de R$ 3 bilhões em notas comerciais em setembro deste ano e a contratação de uma linha de crédito com compromissos de sustentabilidade em julho, no valor de US$ 1,25 bilhão. A importância do tema ESG em nossas decisões de negócio se traduz também na aprovação dos treze primeiros projetos no total de US$ 76 milhões a serem incorporados no Fundo de Descarbonização.

Estimamos que esses projetos possam mitigar 1,05 milhão de tCO2e por ano. O fundo de descarbonização foi criado no âmbito do Plano Estratégico 2022-26, com US$ 248 milhões de investimentos para desenvolver soluções, estudos e implantação de projetos que mitiguem nossas emissões de carbono.

Nossa geração de caixa operacional associada ao baixo endividamento e às perspectivas de sólida liquidez nos permitiram retornar para a sociedade e nossos acionistas dividendos de R$ 3,35 por ação ordinária e preferencial no terceiro trimestre de 2022, totalizando R$ 13,80 por ação ordinária e preferencial em 2022. Importante destacar que a sociedade brasileira recebe cerca de 37% desse total, a maior parcela individual, além de ser beneficiada pelo pagamento de impostos, no montante de R$ 73 bilhões no terceiro trimestre e atingindo o recorde para os primeiros nove meses do ano de R$ 222 bilhões, montante já superior ao total recolhido em 2021 de R$ 203 bilhões.

Vale destacar que as nossas ações na bolsa de valores apresentaram uma valorização de 1.436% em relação ao menor nível atingido na última década, além de terem sido pagos ou declarados R$ 20,91 por ação em remuneração ao acionista desde então, incluindo o montante aprovado no 3T22. Nesse período a União Federal recebeu R$ 113,8 bilhões em dividendos acumulados. O fato de em 21 de outubro de 2022 a Petrobras ter atingido o recorde do valor de mercado em Reais de R$ 521 bilhões – reflexo das escolhas estratégicas e da gestão da Companhia – também não deve ser menosprezado, uma vez que se traduz em valorização do patrimônio da sociedade.

Não podemos deixar de enfatizar que nossa geração caixa operacional está diretamente relacionada à eficiência na gestão, às decisões estratégicas e à nossa exposição e alinhamento aos preços de petróleo. Em um negócio com projetos de longa maturação, que requerem expressivos investimentos em capital e em tecnologias de ponta, e que dependem  de profissionais altamente capacitados e motivados é impossível ser bem-sucedido se nos desviarmos da lógica de preços de mercado.

Além disso, cabe lembrar que não somente os impostos sobre a nossa produção são referenciados a preços internacionais: nossos gastos e investimentos também a eles se correlacionam na medida em que a inflação da nossa indústria reflete o contexto de preços e nosso risco exploratório – elemento fundamental na exploração em águas profundas e ultra-profundas – também é quantificado sob a perspectiva de preços de mercado.

A estas considerações adiciona-se o fato de que, por óbvio, devemos respeitar o arcabouço legal existente, representado por leis como a das sociedades anônimas, a das estatais e a do petróleo, e a governança da Companhia – recentemente fortalecida no tema de preços pela formalização das diretrizes de precificação pelo nosso Conselho de Administração, que estabelece uma série de critérios e procedimentos para a aprovação de projetos de investimentos, com a responsabilização pessoal dos executivos envolvidos pelas decisões tomadas.

Além disso, a Petrobras não está sozinha no mercado de combustíveis: temos hoje no Brasil uma dinâmica que congrega capacidade privada de refino com a atuação de importadores que são necessários para atender a demanda de derivados, que supera a capacidade brasileira de produção. Sem preços de mercado corre-se o risco de escassez de produtos, com óbvias consequências negativas para a sociedade como um todo.

Por fim, cabe também a reflexão sobre outro aspecto da nossa estratégia que gera benefícios sociais. A Petrobras realiza a gestão contínua de seu portfólio de ativos mantendo em carteira aqueles que mais geram valor para a Companhia. Os eventualmente alienados fomentam uma dinâmica econômica positiva não somente pela diversificação de agentes de mercado, mas também pelo fato de que os compradores aumentam os investimentos e a geração de empregos e renda para a sociedade.

Finalizo reiterando nossa plena convicção de que estamos construindo uma Petrobras mais saudável, solida e resiliente que é capaz de investir, gerar empregos, pagar tributos e retornar valor para a sociedade e seus acionistas.”