São Paulo – A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registrou lucro líquido de R$ 369 milhões no segundo trimestre de 2022, queda de 93% em comparação ao mesmo período de 2021 e baixa de 73% ante o primeiro trimestre de 2022, ressaltando o impacto do ajuste do preço do Platts na companhia, mas que foi parcialmente compensado pelo sólido resultado da siderurgia e pelo resultado recorde de cimentos.
No trimestre, a receita líquida totalizou R$ 10,6 bilhões, 31% menor que o visto ante igual período do ano anterior e uma retração de 10,2% quando comparado com o 1T22. Esse resultado é consequência, principalmente, dos ajustes negativos do preço do Platts no segmento de mineração que acabou por compensar o maior volume de vendas verificado no período.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 3,2 bilhões no período, queda de 60%, na comparação anual, e de 31% na trimestral. A margem EBITDA ajustada de 29,7% ou 9,2 p.p. abaixo da registrada no trimestre passado. Essa redução de rentabilidade é consequência direta do desempenho no segmento de mineração, com a menor realização de preço do minério de ferro durante o período. Quando se observa os demais segmentos, percebe-se uma estabilidade em siderurgia e uma forte recuperação de rentabilidade para cimentos, que voltou a apresentar margens acima dos 30% (foi 34,2% no 2T22), relatou a CSN em seu relatório do segundo trimestre de 2022.
Ao final do trimestre, a dívida líquida da CSN era de R$ 21 bilhões, com a manutenção de um caixa elevado e com o indicador de alavancagem medido pela relação dívida líquida sobre o ebitda atingindo 1,31 vez. Esse aumento da alavancagem é consequência da variação cambial e dos desembolsos realizados no período, como o pagamento de dividendos e JCP, além da aquisição das PCHs Santa Ana e Sacre.
O fluxo de caixa livre atingiu R$ 830 milhões no 2T22, revertendo o resultado negativo observado no trimestre anterior com a normalização do capital de giro e a sazonalidade no pagamento de impostos verificada no 1T22. Adicionalmente, o fluxo de caixa do 2T22 foi impactado positivamente pela redução do capital de giro que conseguiu mitigar o menor resultado operacional com uma redução no contas a receber, mesmo considerando aumentos de CAPEX e despesas financeiras.
DADOS OPERACIONAIS
As vendas de aço caíram 17% na comparação anual, para 1,066 milhão de toneladas, enquanto a as vendas de minério de ferro somaram 7,6 milhões no trimestre, queda de 17% na mesma base de comparação.
A produção de placas no 2T22 somou 890 mil toneladas, um desempenho estável em relação ao trimestre anterior. Por sua vez, a produção de laminados planos, nosso principal mercado de atuação, atingiu 767 kton, o que representa uma contração de 7,3% em relação ao 1T22, em decorrência de manutenções planejadas na linha de produção.
A produção de minério de ferro somou 8.283 mil toneladas no 2T22, o que representa um aumento de 29% em relação ao 1T22, como resultado da melhora da produção com a diminuição dos impactos dos volumes de chuva no período.
O volume de vendas atingiu 7.574 mil toneladas no 2T22, um desempenho 9,3% superior ao trimestre anterior como consequência do período mais seco observado ao longo do período, possibilitando um aumento nos embarques portuários.
A CSN Cimentos totalizou vendas de 1.261 kton no 2T22, 6% superiores em relação ao trimestre anterior, como resultado da assertiva estratégia comercial, além da sazonalidade, com um trimestre mais seco. Segundo a CSN, a retomada veio tanto da atividade comercial quanto do forte reajuste de preços aplicado no início do trimestre, reajuste este necessário para compensar os custos mais altos de produção verificado no período.
Na logística ferroviária, a receita líquida atingiu R$ 592 milhões, com EBITDA ajustado de R$ 298 milhões e margem EBITDA ajustada de 50,3%. Na comparação com o 1T22, a receita líquida aumentou 30% devido ao aumento dos preços das mercadorias transportadas. Na mesma linha de comparação, o EBITDA ajustado foi 42% superior.
Em logística portuária, no 2T22 foram embarcadas pelo Sepetiba Tecon 308 mil toneladas de produtos siderúrgicos, além de 15 mil contêineres, 4 mil toneladas de carga geral e 219 mil toneladas de granéis. Na comparação com o trimestre anterior, as duas variações mais significativas foram no volume de produtos siderúrgicos, com aumento de 24%, e nas vendas de graneis, que apresentaram uma retração de 40%.
Em energia, o volume de energia negociado gerou receita líquida de R$ 47 milhões, com EBITDA ajustado negativo de R$ 6 milhões. Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, a receita líquida apresentou aumento de 7% devido a uma menor exposição ao mercado de curto prazo em razão da uma maior aderência do consumo de energia elétrica realizado pelas plantas industriais, que acarretou também em uma melhora de 17% do EBITDA no período.
CIA ATUALIZA PROJEÇÕES
A CSN e sua controlada a CSN Mineração atualizaram as projeções de substituição do custo caixa C1 na mineração de US$18 por tonelada para um patamar entre US$20 a US$22 por tonelada em 2022.
As companhias também atualizaram a projeção de produção de minério de ferro mais compras de terceiros para um volume total entre 36.000 e 38.000 kton no fechamento de 2022.
LUCRO DA CSN MINERAÇÃO CAI 85% NO 2T22
O lucro bruto da CSN Mineração no segundo trimestre de 2022 caiu 85% na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 752 milhões. Em relação ao trimestre anterior, a redução foi de 66% Esse resultado é consequência direta da menor receita verificada no período, com a diminuição do preço do minério de ferro.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado atingiu R$ 907 milhões entre abril e junho deste ano, baixa de 82% na comparação com o mesmo período do ano passado e redução de 62% em base trimestral.
A receita líquida ficou em R$ 2,6 bilhões, queda de 65% ante o mesmo trimestre de 2021 e redução de 33% ante o trimestre anterior, como resultado de uma menor realização de preço que acabou por compensar o aumento de produção e de vendas no período.
A receita líquida unitária foi de US$ 71,18 por tonelada úmida, o que representa uma retração de 33,5% contra o 1T22, um desempenho que reflete não apenas o menor preço do índice de referência, mas também o impacto de um frete marítimo mais caro e de uma realização de preços provisionados em trimestres anteriores negativa no período.
No relatório de resultados, a companhia diz que os resultados na mineração foram impactados pela China. “O trimestre na China foi marcado pela manutenção dos estímulos ao setor de infraestrutura, desempenho abaixo do esperado no mercado imobiliário e pela manutenção da política de Covid zero que acabou resultando no isolamento de diversas cidades importantes, trazendo bastante instabilidade e incerteza em relação aos impactos e perspectivas econômicas”.
Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia, os impactos inflacionários e o aumento de taxas de juros também ajudaram a aumentar as preocupações em relação à demanda por minério e ao fornecimento de energia para os países europeus, contribuindo com mais um componente de instabilidade para o mercado transoceânico, acrescentou.
“Nesse contexto, o preço do minério de ferro terminou o 2T22 em baixa, retornando a patamares de novembro/21 e sofrendo ajustes ao longo do trimestre. Entretanto, a média do trimestre não variou tanto, com o minério apresentando US$ 137,9/dmt (Platts, Fe62%, N. China) de média ao longo do 2T22”, escreveu a companhia no seu relatório de resultados do segundo trimestre.
O volume de vendas atingiu 7.574 mil toneladas no 2T22, um desempenho 9,3% superior ao trimestre anterior como consequência do período mais seco observado, possibilitando um aumento nos embarques portuários 2,6% inferior ao do 1T22 (US$ 141,6/dmt), mas 31% abaixo do 2T21 (US$ 200,01/dmt).