São Paulo – A processadora de alimentos Marfrig registrou lucro líquido de R$ 650 milhões no quarto trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado, queda de 44,5%, explicada por fatores em seu resultado financeiro, como a marcação a mercado das ações da BRF.
O resultado financeiro líquido da companhia no 4T21, antes do efeito da variação cambial, foi uma despesa de R$ 1,6 bilhão, um aumento de 182,5% em comparação ao 3T21, explicada principalmente, pelo efeito negativo de R$ 1,2 bilhão da marcação a mercado do investimento em ações da BRF e o crescimento nos juros líquidos provisionado, pois a companhia elevou a participação de dívida em moeda local (R$), e que foram impactadas pelo aumento da taxa básica de juros.
A companhia também cita que nesse trimestre, a variação cambial foi negativa em R$ 122,2 milhões, explicada pela diferença entre os câmbios finais do período (4T21 R$ 5,58 vs R$ 5,44 no 3T21). O resultado financeiro líquido do 4T21, considerando a variação cambial, ficou negativo em R$ 1,754 bilhão.
A receita líquida somou R$ 23,9 bilhões no período, aumento de 31,1%, na mesma base de comparação.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado subiu 98,3% no trimestre e totalizou R$ 4,2 bilhões, quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior.
De outubro a dezembro, a Marfrig comercializou 860 mil toneladas de carnes, queda de 5,5% ante igual período do ano passado, sendo 697 mil comercializados no mercado interno e 163 mil toneladas no mercado externo.
Na operação da América do Norte, foram comercializadas 520 mil toneladas, alta de 0,7% em comparação anual, enquanto na América do Sul a Marfrig comercializou 340 mil toneladas, queda de 13,6% em base anual.
No quesito receita líquida, a América do Norte registou R$ 3,2 bilhões, 37,0% maior que o visto no mesmo período de 2020, enquanto na América do Sul o valor foi de R$ 6,0 bilhões, alta de 7,6%, na mesma base de comparação.
A administração da companhia disse que em 2021 obteve “os melhores resultados históricos”, com mais de R$ 85 bilhões em receita líquida e R$ 14,5 bilhões de ebitda ajustado. “Nossa Operação América do Norte bateu sucessivos recordes de rentabilidade ao longo do ano, e a excelente performance é reflexo da alta demanda por proteína bovina, que de acordo com o USDA, alcançou mais de 58 libras por habitante em 2021, maior patamar desde 2009”, disse a empresa, em seu release de resultados.
“Nossa Operação na América do Sul se mostrou resiliente e apresentou um crescimento de mais de 20% nas vendas, alcançando mais de R$ 22 bilhões de receita líquida, mesmo em um cenário desafiador de menor disponibilidade e preços persistentemente altos da matéria prima, combinados ao auto banimento temporário das exportações para China e ao menor nível das últimas décadas do consumo interno por carne bovina.”
Com isso, a empresa conseguiu alcançar um fluxo de caixa operacional de R$ 9,0 bilhões (+17,3% vs 2020), fluxo de caixa livre de R$ 5,1 bilhões (+4,5% vs 2020); alavancagem (medida pela relação dívida líquida sobre o ebitda ajustado de 1,51x (-0,06x vs 2020) e lucro líquido de R$ 4,3 bilhões em 2021 (+31,5% vs 2020).
Ao final do quarto trimestre, a dívida líquida da empresa ficou em US$ 3,9 bilhões, aumento de 55,6% em comparação com o trimestre imediatamente anterior, explicado principalmente pela reclassificação das ações da BRF, que até o 3T21 eram contabilizadas em aplicações financeiras e títulos e valores mobiliários consideradas de curto prazo, portanto em parte do caixa.
No 4T21, dada a materialidade da desvalorização das ações no último trimestre do ano, essa posição passou a ser contabilizada como longo prazo, não sendo mais consideradas para cálculo de dívida líquida.
Após a reclassificação e utilização recorrente de caixa e equivalentes, as disponibilidades em 31 de dezembro de 2021 eram de US$ 1,5 bilhão, valor 47,5% inferior ao final do 3T21. Quando medida em reais, a posição de caixa e equivalentes de caixa foi de R$ 8,4 bilhões.
