Lucro líquido recorrente da B3 recua 6,3% no 4° trimestre

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São Paulo, SP – A B3 divulga ontem (15) os resultados financeiros do quarto trimestre de 2022 e do acumulado do ano. A receita total do trimestre atingiu R$ 2,6 bilhões, alta de 5,6% em comparação com o mesmo período de 2021, e alta de 2,3% em comparação com o terceiro trimestre de 2022.

O lucro líquido recorrente foi de R$ 1,15 bilhão, em linha com o terceiro trimestre, e com recuo de 6,3% em comparação ao mesmo período de 2021.Já o lucro líquido atribuído aos acionistas da companhia foi de R$ 1 bilhão no período, o que representa uma queda de 8% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

Segundo o relatório da companhia, o último trimestre de 2022 apresentou leve melhora na perspectiva econômica global, reflexo do início do arrefecimento da inflação em países desenvolvidos, demonstrando a efetividade das políticas contracionistas adotadas pelas
principais autoridades monetárias globais.

“Ao longo de outubro e novembro, o volume financeiro negociado no segmento de ações foi impactado de forma positiva pelas eleições. Mas, em dezembro, a atividade do mercado foi negativamente influenciada pelo campeonato mundial de futebol, já que as negociações diminuíram em dias de jogos do Brasil. O volume financeiro médio diário negociado de ações totalizou R$ 32,3 bilhões no trimestre, o que representa crescimento de 2,4% em relação ao mesmo trimestre de 2021, mesmo com uma taxa de juros mais elevada. Se comparado ao terceiro trimestre de 2022, a alta foi de 23,4%”, explicou André Veiga Milanez, diretor-executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores.

O resultado do segmento de balcão e os volumes resilientes de listados, além do crescimento em tecnologia, dados e serviços, contribuíram para que as receitas da companhia somassem R$ 2,6 bilhões no trimestre. Já as distribuições aos acionistas no período totalizaram R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 749 milhões em recompras de ações, R$ 370 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 140 milhões em dividendos.

No quarto trimestre, o segmento de listados gerou receita de R$ 1,6 bilhão (63,9% do total), o que representa leve queda de 0,2% em relação ao mesmo período de 2021. Foi registrado aumento de 2,4% no volume financeiro médio negociado (ADTV) de ações à vista, refletindo um cenário de maior volatilidade devido ao período eleitoral. O volume negociado dos contratos futuros de índices caiu 17,7%, puxado pela queda na negociação da versão mini desses contratos.

O número médio de contas na depositária de renda variável cresceu 27,0%, reflexo principalmente da contínua busca dos investidores individuais por maior diversificação em
seus portfólios. E o volume de posições em aberto de operações de empréstimo de títulos
cresceu 24,5%.

O segmento de Balcão obteve receita de R$ 347,7 milhões (13,5% do total), aumento de 15,8%. O volume de novas emissões e o estoque médio de instrumentos de captação bancária registrados no último trimestre cresceram 16,6% e 22,7%, respectivamente, em função da alta das emissões de CDB, que representaram 77,5% das novas emissões durante o trimestre.

Os demais produtos de renda fixa registraram crescimento de 19,6% em emissões, influenciados pelo aumento de 33,5% nas emissões de instrumentos do mercado imobiliário e de 12,4% nas emissões de instrumentos do agronegócio. O estoque médio de instrumentos de dívida corporativa aumentou 23,1%. Outro destaque foi a contínua expansão do Tesouro Direto, cujo número de investidores e o estoque médio cresceram 20,6% e 33,2%, respectivamente.

O segmento de Infraestrutura para Financiamento obteve receita de R$ 111 milhões (4,3% do total), o que representa queda de 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2021.

O número de veículos vendidos no Brasil aumentou 1,3% no trimestre, como consequência da melhora na oferta de modelos zero quilômetro, que atendeu principalmente a maior demanda de locadoras. Em contrapartida, o nível mais elevado dos juros impactou negativamente as vendas no varejo e o número de veículos financiados, pressionando as inclusões no Sistema Nacional de Gravames (SNG), operado pela B3, que mostraram queda de 3,6% no período.

O segmento de tecnologia, dados e serviços teve receita de R$ 468,3 milhões (18,2% do total), representando alta de 26% em relação ao quarto trimestre de 2021. A quantidade média de clientes do serviço de utilização mensal dos sistemas de Balcão aumentou 12,6% graças ao crescimento da indústria de fundos no Brasil. Houve também alta de 5,9% no número de clientes que utilizam os serviços deco-location, devido a contratação deracksde alta densidade energética ecross-connectionscom o objetivo de expandir a capacidade do serviço.

A B3 destacou ainda que o desempenho da companhia ao longo do ano reforça a eficiência da estratégia adotada de maior diversificação de negócios e de receitas, com exposição em
diferentes segmentos de atuação.

No mercado de ações à vista, o volume financeiro médio diário (ADTV) totalizou R$ 29,6 bilhões e, no segmento de derivativos listados, o número médio de contratos negociados diariamente (ADV) totalizou 4,5 milhões de contratos, quedas de 11% e 3% em relação a
2021, respectivamente. Por outro lado, o aumento nas taxas de juros beneficiou o segmento de balcão, principalmente nos serviços prestados para o mercado de renda fixa. Houve aumento de 19% no volume de emissões de instrumentos de captação bancária, 25% no estoque de dívida corporativa e 26% no número de investidores no Tesouro Direto.

A receita bruta consolidada totalizou R$ 10,1 bilhões, redução de 1,7% em relação a 2021, com a desaceleração da receita no segmento de listados, praticamente compensada pelo crescimento nas receitas de Balcão e de Tecnologia, dados e serviços. As despesas foram influenciadas pela aceleração de projetos de crescimento, que refletem contabilmente em maiores despesas e menores investimentos, além do aumento da taxa de inflação, com impacto significativo nas despesas com pessoal. Com isso, o EBITDA recorrente apresentou queda de 8%, totalizando R$ 6,7 bilhões, com margem de 73,6%.

DIVIDENDOS

A distribuição de resultados aos acionistas referente ao ano totalizou R$ 5,3 bilhões, incluindo dividendos, JCP e recompra de ações, com participação significativa da recompra de ações a execução do programa de 2022 totalizou a aquisição de cerca de 4% do
capital social da companhia.

Em outro comunicado divulgado ontem, confirmou também o pagamento de R$ 212,59 milhões em dividendos, equivalente ao valor de R$ 0,03672780 por ação. O pagamento será realizado em 10 de abril de 2023 e tomará como base de cálculo a posição acionária de 23 de fevereiro de 2023.