Lula comemora sua sobrevivência e da democracia em discurso na cerimônia sobre atos golpistas

37

São Paulo, 8 de janeiro de 2025 – Em discurso na cerimônia sobre atos golpistas, em Brasília, o presidente Luís Inácio Lula da Silva iniciou agradecendo a presença do ministro da Defesa José Múcio e de três comandantes militares, dizendo que isso mostra que “é possível construir as forças armadas com respeito à soberania nacional”.

O presidente da República também agradeceu à presença da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e demais bancos públicos pela concessão de microcrédito e por “fazer o dinheiro chegar na mão de muitas pessoas”.

O discurso teve um tom de reforço à “vitória” da democracia após os atos golpistas que ocorreram há dois anos e à sua “sobrevivência” após um suposto atentado contra a sua vida, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, segundo investigação da Polícia Federal relacionada à tentativa de golpe após as eleições presidenciais de 2022.

“Participar de um ato como esse é dizer em alto e em bom som que não é possível governar fora da democracia. Só na democracia um operário poderia chegar à presidência da república. É por isso que eu prezo muito a democracia”, disse.

Lula disse que sobreviveu à morte na infância, ao câncer e a um problema com um avião. “Depois, eu escapei da tentativa de atentado, junto com o Xandão e o companheiro Alckmin. Eu acho que Deus é muito inteligente e preferiu deixar a gente na terra.”

Em relação aos acusados, o presidente disse que “todos os acusados pelos atentados à democracia terão direito à defesa”, mas que o governo “não será tolerante com ameaças à democracia”.

O presidente também destacou outros episódios em que “sobreviveu”, mas que não estavam relacionados à democracia. “Depois, eu bati a cabeça e também não chegou ao meu fim. Eu fiz exames depois e vi que estava pior, mas também não morri. Agora, estou com a cabeça limpa e purificada. Se tem um brasileiro hoje que não tem sujeira na cabeça, sou eu.”

Lula voltou a defender a democracia falando sobre sua trajetória política. “Eu sou um amante da democracia porque conheço o seu valor. Eu fiz as primeiras greves e a classe trabalhadora tem muito a ver com a conquista da democracia.”

Por fim, fez referência ao filme “Ainda estou aqui”, que retrata a luta de Eunice Paiva durante a ditadura militar no Brasil, após o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, após ser sequestrado e morto pela ditadura militar em 1971.

“Ainda estamos aqui para dizer que ditadura nunca mais e democracia sempre. Se hoje podemos expressar livremente nossos pensamentos é porque a democracia venceu. Ao contrário, a truculência tomaria o lugar do diálogo. (…) Não haveria vacinas e as pandemias estariam de volta. A arte e a cultura, que as ditaduras odeiam, naõ existiram. Se hoje podemos ver histórias contadas no cinema, no teatro, é por que a democracia venceu.”

Lula disse que o governo seguirá trabalhando para ampliar o alcance da democracia, reconhecendo que ela ainda não é uma realidade para todos os brasileiros.

“A democracia só será plena quando todos tiverem direitos. Quando todos e todas forem iguais perante a lei. (…) Quando a pele negra não for alvo da truculência do estados, quando todas as religiões forem respeitadas. Seguiremos trabalhando para um Brasil mais justo porque a democracia venceu.”