São Paulo – O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse, na abertura do encontro com chefes de estado na Cúpula do Mercosul, que será necessário discutir o futuro do Mercosul.
“Teremos que discutir qual Mercosul nós queremos, o que podemos deixar de conquistar ou expectativa”, discursou.
“Sigo otimista, mesmo em relação ao acordo com a União Europeia (UE), que se arrasta há anos, mas acredito que vamos avançar.”
“Vamos falar sobre a questão da Venezuela e da Guiana, sobre a entrada da Bolívia na cúpula e sobre a declaração sobre democracia e ambientes digitais. Precisamos criar um grupo para discutir Inteligência Artificial.”
Outros temas destacados por Lula que serão tratados na cúpula é o acordo entre o Mercosul e Singapura e a retomada da Cúpula Social, que não se reúne desde 2016.
“A Cúpula começa sob a égide de dois marcos: a estreia do presidente Santiago Peña (Paraguai) e a presença do companheiro Luis Arce (Bolívia), o mais novo integrante do bloco. A nota triste é a despedida do companheiro Alberto Fernandez.”
Em relação à Venezuela-Guiana, o presidente disse que a América Latina não precisa de guerra.
Lula também afirmou que a região tem condição de liderar a transição energética. “A natureza está chamando atenção, agora as coisas vão acontecer cada vez mais rápido. Nossa região está sofrendo com a mudança climática. Nunca vi rios caudalosos enfrentarem seca. Enchentes, secas, estão afetando muitas comunidades do nosso país.”
“Abrigamos as duas maiores bacias hidrográficas do planeta.”
“Em dois anos, vamos sediar a COP 30, será a primeira vez que a Amazônia vai falar por ela mesma.”
Lula disse que o projeto que levará o país para a COP 30 passa pela presidência do G20. “Espero contar com o apoio de vocês. Os companheiros do Mercosul serão convidados para construir um projeto que terá como temas a inclusão social, o combate à pobreza, a transição energética.”
O presidente também defendeu a mudança no Conselho de Segurança da ONU, para que tenha mais diversidade. “É preciso que na questão ambiental a gente tenha decisões que sejam implementadas. Não são os países menores que têm que pagar a conta, são os países industrializados.”
Lula também criticou o FMI, e disse que “ele não dá empréstimos, dá uma corda para os países menores se enforcarem dado a bancos.”
“Nós resolvemos isso, emprestamos dinheiro para o FMI.”
Lula disse que será necessário propor uma nova forma de pagamento de dívida de países em desenvolvimento, como a África do Sul.
Lula citou uma reunião que será realizada na tarde de hoje, com o BNDES, BID, CAF, E FONPLATA, para anunciar cooperação para apoiar integração sul-americana.
ROTAS PARA A INTEGRAÇÃO
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco de Desenvolvimento (FONPLATA) e o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) vão divulgar, nesta quinta-feira (7/12), às 17h40, uma iniciativa conjunta para fornecer apoio financeiro e técnico a projetos estratégicos, primordialmente de infraestrutura, para constituição de uma rede de rotas de integração e desenvolvimento sul-americano.
Denominado Rotas para a Integração, a declaração conjunta das instituições financeiras será acompanhada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pela ministra Simone Tebet (MPO) e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A declaração é assinada pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; do CAF, Sérgio Diaz-Granados; do BID, Ilan Goldfajn; e do Fonplata, Luciana Botafogo, que também estarão presentes.
No evento, as instituições vão informar o montante de recursos que poderá ser disponibilizado para apoiar a integração sul-americana. O foco desta atuação conjunta serão os projetos estratégicos de infraestrutura de integração, incluindo o apoio tanto por meio da disponibilidade de linhas de financiamento como por meio da estruturação de projetos. A iniciativa também poderá promover o financiamento de projetos de integração nas áreas social, ambiental e institucional.
Como responsável pela relação do Brasil com os bancos de desenvolvimento regional, o MPO participou da articulação da cooperação entre as instituições e apresentou a cada uma delas o relatório do subcomitê de Desenvolvimento e Integração Sul-Americana que, a partir de consulta aos estados fronteiriços e das obras do Novo PAC, identificou cinco rotas de integração. Essas rotas serão, a partir de agora, debatidas com os países vizinhos.